A sucessora de Rodrigo Janot no comando do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, colocou na chefia da área criminal uma procuradora conhecida por estar sempre do lado oposto de políticos e empresários encrencados com a Justiça. Nova titular da Secretaria Penal da Procuradoria-Geral da República, à qual o grupo de trabalho da Lava-Jato será subordinado, Raquel Branquinho tem histórico de atuação em grandes casos de combate a desvios de dinheiro público e é vista como uma das melhores investigadoras criminais do Ministério Público.
Leia Mais
Equipe de Dodge tem primeira baixaCármen Lúcia dá boas-vindas a Raquel Dodge na abertura de sessão no STFRaquel Dodge toma posse na PGR prometendo combater corrupção e Temer se diz honradoRaquel Dodge oficializa mudança no grupo de trabalho da Lava JatoEstudantes e juristas protestam para barrar prêmio à Lava-Jato no CanadáNo Ministério Público Federal no Rio, ex-colegas de Raquel Branquinho contam uma história. Em 2004, ela investigava Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil no governo Lula e ex-presidente da Loterj. Ao fim de um depoimento, ele teria entregue à procuradora uma cartela de "raspadinha", ao que Raquel Branquinho teria respondido: "Eu vou raspar. Mas se houver um prêmio o senhor sairá preso por tentativa de corrupção". "É exatamente o que se pode esperar dela", diz um ex-colega.
Do Rio foi para Brasília, onde já teve passagem pela Procuradoria-Geral da República quando ajudou na elaboração da denúncia do mensalão.
‘Fora do padrão’
"Fiquei muito impressionado com a capacidade de trabalho dela", disse o procurador Artur Gueiros. Segundo ele, a procuradora digitava enquanto discutia com os colegas a estratégia que seria usada.
"Ela é uma das pessoas mais combativas que eu conheço, é incansável, sempre disposta. Ela não vai se intimidar", disse a procuradora regional Luciana Guarnieri. As duas entraram na carreira no mesmo concurso, em 1997, tomaram posse no mesmo dia e foram atuar em Campinas (SP).
Interior
Raquel Branquinho é de Franca (SP) e fez faculdade de Direito na Unesp.
Já em Brasília, ao lado da procuradora Valquíria Quixadá, Raquel Branquinho atuou no caso Banestado - mapeou os destinatários das movimentações financeiras via contas CC5 da agência do banco brasileiro em Nova York.
Raquel Branquinho, disseram colegas próximos, não é de perfil acadêmico, mas operacional. Não optou pelo mestrado. Segundo colegas que dividiram com ela o trabalho em Brasília, a procuradora não espera um despacho escrito chegar à sua mesa. Se depende que uma diligência seja feita pela polícia, vai pessoalmente conversar com o delegado e procura integrar os órgãos envolvidos na produção de provas - polícia, Receita e Ministério Público..