Brasília, 22 - O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-RJ), deve anunciar na próxima terça-feira o nome do deputado indicado para relatar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, por organização criminosa e obstrução da Justiça. Diferentemente da primeira, barrada pelo plenário da Câmara, Pacheco disse que agora não vem sofrendo pressões, seja do governo, seja da oposição, para a indicação do nome.
"Pressão nenhuma. Está bem mais ameno", disse o peemedebista. Como na primeira denúncia, Pacheco deve indicar para a relatoria do caso um parlamentar que seja advogado e repete o discurso de que escolherá um técnico, com "autoridade para exercer esse papel".
O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), vai preparar uma lista de parlamentares "isentos" para oferecer como sugestão de relator a Pacheco. Mansur vai relacionar nomes dos deputados que não votaram na sessão que derrubou a primeira denúncia, tanto na CCJ como no plenário. Embora o governo avalie que o clima da votação agora é mais favorável, o vice-líder disse ser importante indicar um relator cujo posicionamento político sobre as investigações contra Temer seja desconhecido.
Mansur afirmou que passará os próximos dias monitorando os parlamentares. "Vou sentir a temperatura dos deputados. Às vezes tem alguém com febre que precisa ser medicado", afirmou, em tom de ironia.
O argumento que a base governista usará na defesa de Temer será de que a denúncia se refere a atos supostamente praticados antes do mandato de presidente da República e tem como base delações sob suspeita.
Pedido
Partidos como PSDB e DEM já pediram para que o relator escolhido não seja membro de suas bancadas, mas Pacheco sinalizou que pode não atender aos apelos. Os partidos não querem sofrer o desgaste de assumir o papel. O peemedebista não esconde a "simpatia" por Marcos Rogério (DEM-RO) e Evandro Gussi (PV-SP).
Os aliados também apostam que o presidente da CCJ não comprará nova "briga" com o Palácio do Planalto como da primeira, quando Pacheco escolheu Sérgio Zveiter (ex-PMDB e hoje Podemos-RJ) para relatar o processo. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Daiene Cardoso).