Brasília, 08 - No mesmo dia em que a defesa do presidente Michel Temer encaminhou pedido de suspeição contra o procurador-geral da República, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar a Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a gestão de Rodrigo Janot.
Durante sessão da 2ª Turma do STF, o ministro afirmou que o Ministério Público virou "terra de ninguém" com um "festival de investigações sem controle judicial". O ministro se refere a procedimentos internos de investigação criminal (PICs) realizados pelo órgão. "Aqui nós temos uma série de questões que precisamos talvez passar em revista. O ministro Celso de Mello e eu somos muito preocupados em relação a uma outra questão que me parece que terá de ser revisitada, que é a questão da investigação por parte do Ministério Público. Isto virou um pouco terra de ninguém. Não obstante, o que se ouve? Que hoje é um festival de investigação sem sequer controle judicial. Fala-se que na Procuradoria-Geral hoje haveria 2,8 mil PICs, chamado procedimento de investigação criminal, sem nenhuma figura de controle", disse o ministro.
Os PICs são autorizados desde a decisão do Supremo Tribunal Federal, em 2015, em que a Corte reconheceu que é constitucional o poder do Ministério Público de investigar. "Nós temos que ter muito cuidado com os poderes que estamos deferindo.
Em nota, a Procuradoria-Geral da República questionou os números apresentados por Gilmar Mendes. "A estatística do mês de julho de 2017 do gabinete do procurador-geral da República mostra que a Assessoria Jurídica Criminal possui apenas 626 procedimentos em análise, sendo que 112 deles tratam de conflito de atribuição entre Ministérios Públicos que deve ser resolvido pelo procurador-geral, por decisão do Supremo Tribunal Federal", disse a PGR.
"Há outros procedimentos remanescentes no gabinete que dizem respeito às áreas de Assessoria Jurídica Constitucional, Assessoria Jurídica Cível, Assessoria Jurídica de Tutela Coletiva, Secretaria de Cooperação Internacional, entre outras", concluiu a nota enviada pela assessoria de imprensa da Procuradoria.
(Breno Pires e Rafael Moraes Moura).