Jornal Estado de Minas

Nos últimos 14 meses, polícia prendeu 24 vereadores em Minas

Mais quatro vereadores em Minas foram presos nessa quinta-feira (27) acusados de envolvimento em esquemas de corrupção. Desta vez, a Polícia Civil levou para a cadeia o presidente da Câmara de Santa Bárbara, na Região Central do estado, Juarez Camilo Carlos (PSDB), e mais três parlamentares da cidade.

Nos últimos 14 meses, nada menos que 24 vereadores de cinco municípios foram presos denunciados por crimes como compra de votos para a eleição da Mesa Diretora, e recebimento de propina e fraudes em licitações.


No caso de Santa Bárbara, além dos quatro vereadores presos, outros cinco parlamentares foram alvo de condução coercitiva. No total, nove dos 11 integrantes do Legislativo estão envolvidos nas fraudes investigadas pela Polícia Civil na Operação Entre Serras.

De acordo com a polícia, além de Juarez, foram presos os vereadores Luiz Fernando Hosken Fonseca (PSL), Ermelindo Francisco Ferreira (PSL) e Geraldo Magela Ferreira (DEM). Contra este último, conhecido como “Carrapicho”, o mandado era de condução coercitiva, mas ele foi preso em flagrante por ter uma arma de fogo em casa. Também foi preso o ex-presidente da Câmara José Ladislau Ramos (DEM).

Segundo o delegado Domiciano Monteiro, os crimes investigados incluem dispensa ilegal e fraude em licitação, interferência nas investigações, formação de organização criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documentos, peculato, corrupção passiva e prevaricação. O atual e o ex-presidente da Câmara são acusados de fraudar licitação.

“A polícia acredita que o esquema passou de uma gestão para outra. Ficou bem claro que, apesar de serem grupos rivais politicamente, havia um esquema de corrupção contínuo na Câmara, independentemente da troca de comando”, disse.

De acordo com o delegado, além de fraude, foram descumpridas regras básicas na Câmara.
Um dos contratos investigados é entre a atual administração e o cinema da cidade. Há indícios de que valores acima de R$ 100 mil do contrato de locação do imóvel, que pertence à Câmara, eram repassados de volta para o grupo político.

A operação também apura o pagamento indevido de diárias de viagens. Segundo o delegado, os vereadores protocolavam documentos e recebiam valores referentes a viagens que não realizavam.

“Vários vereadores já são réus em ação penal em virtude do recebimento indevido em 2013 e 2014. Neste ano, o esquema continuou sendo praticado”, diz. Na ação, consta que um dos parlamentares recebeu mais de R$ 100 mil em um ano.

Na operação, foram apreendidos documentos, celulares e computadores. Foram presas 10 pessoas, nove preventivamente e um em flagrante.
Além dos vereadores foram presos o ex- procurador da Câmara Frederico Magalhães, candidato a prefeito na última eleição pelo PTC, os ex-chefes de gabinete Maria Aparecida Ferreira da Silva e Silva e Wilson da Silva Mota e o empresário Madson Geraldo Arcanjo.

Os vereadores Geraldo Magela Silva “Gegê da Ambulância” (PP), Timóteo de Lourdes Ferreira (PPS), Wellington Flávio Resende do Carmo (PP), Carlos Augusto Bicalho (PDT) e Luciano Pires da Silva Luiz (PHS) foram alvo de conduções coercitivas. Também conduzidos Guilherme Antônio de Assis (assessor de comunicação), Rosilene Aparecida Duarte Fernandes (servidora de RH), Ângela Maria Pereira (presidente da Comissão de Licitações) e Philipe Souza e Silva (chefe do Controle Interno).

A Operação Entre Serras é fruto de uma investigação que há um ano apura desvios que teriam sido cometidos por parlamentares, empresários e políticos da região. Participaram da operação 90 policiais do Departamento de Polícia Civil em Ipatinga.

Desde junho do ano passado, pelo menos quatro operações foram deflagradas em Minas para investigar crimes envolvendo vereadores. No maior dos esquemas, verificado em Governador Valadares, seis parlamentares foram presos acusados de receber uma espécie de ‘mensalinho’ da empresa de ônibus que opera na cidade.

No mês passado, três vereadores foram presos acusados de participação em esquema que fraudava notas fiscais de prestação de serviços para a prefeitura do município de Santa Rosa da Serra, no Triângulo.

Já em Frutal, também no Triângulo, sete vereadores eleitos foram presos, em dezembro do ano passado acusados pela Polícia Civil de compra e venda de apoio político para as eleições da Mesa Diretora da Casa para o biênio 2017 e 2018.

Em julho do ano passado, outros quatro parlamentares foram presos em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Eles são acusados de fraude em licitações do serviço de coleta de lixo na cidade.

OPERAÇÃO ENTRE SERRAS EM SANTA BÁRBARA

Presos
Juarez Camilo Carlos (PSDB)
Presidente da Câmara

José Ladislau Ramos (DEM)
Ex-presidente da Câmara de 2015 a 2016

Vereadores

» Luiz Fernando Hosken Fonseca (PSL)
» Ermelindo Francisco Ferreira (PSL)
» Geraldo Magela Ferreira “Carrapicho” (DEM)

» Ex- procurador da Câmara Frederico Magalhães, candidato a prefeito na última eleição pelo PTC
» Ex-chefes de gabinete Maria Aparecida Ferreira da Silva e Silva “Cida” e Wilson da Silva Mota
» Empresário Madson Geraldo Arcanjo

Mandados de condução coercitiva


Vereadores
» Geraldo Magela Silva “Gegê da Ambulância” (PP)
» Timóteo de Lourdes Ferreira (PPS)
» Wellington Flávio Resende do Carmo (PP)
» Carlos Augusto Bicalho (PDT)
» Luciano Pires da Silva Luiz (PHS)

 Também conduzidos

» Guilherme Antônio de Assis – assessor de comunicação
» Rosilene Aparecida Duarte Fernandes – servidora de RH
» Angela Maria Pereira – presidente da Comissão de Licitações
» Philipe Souza e Silva – chefe do Controle Interno

 

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