Os ministros Raul Jungmann (Defesa), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Osmar Serraglio (Justiça) foram questionados sobre a chacina numa entrevista coletiva no Planalto, na manhã desta sexta-feira, marcada para discutir o problema da violência no Rio de Janeiro. Único a responder pergunta sobre o assunto, Serraglio disse que a sua pasta está acompanhando o caso com a "presença" da Polícia Federal, sem dar detalhes. Nenhum deles falou de solidariedade ou formação de grupo de trabalho para apurar o caso, como era comum em governos passados.
Não é a primeira vez que Temer demora a dar respostas públicas em assuntos relacionados aos direitos humanos. No início do ano, após pressão de vários setores da sociedade civil, Temer comentou com cinco dias de "atraso" o massacre ocorrido no dia 1º de janeiro no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
Na ocasião, a repercussão negativa do silêncio do governo fez com que Temer realizasse uma reunião com ministros da área de segurança. Na abertura do encontro, o presidente chamou a chacina no presídio de "acidente pavoroso", o que gerou uma nova onda de críticas.
O silêncio de Temer com situações de violência não ocorre, por exemplo, com acontecimentos internacionais. No último dia 23, o presidente divulgou uma mensagem de solidariedade à primeira-ministra da Grã-Bretanha, Theresa May, após o atentado terrorista ocorrido no dia 22, na cidade de Manchester, na Inglaterra. Temer disse estar consternado com o fato, e que o "Brasil está com o Reino Unido nesta hora de dor".
O governo conta com duas autoridades de ponta para o problema dos Direitos Humanos: a ministra Luislinda Valois e a Secretaria especial de Direitos Humanos, Flavia Piovesan.
A reportagem solicitou à assessoria de imprensa do Planalto um posicionamento a respeito do assunto, mas, até o momento, não obteve retorno.
(Carla Araújo e Leonencio Nossa).