Segundo Molina, existem inúmeros pontos na gravação que poderiam ser efetuados cortes sem deixar nenhum vestígio. "Foram identificados ao menos seis pontos de possível edição", afirmou. O perito destacou que o gravador "parece seletivo" em alguns pontos de corte e que não é possível afirmar que há uma sequência lógica na conversa.
O perito explicou ainda que há pontos suspeitos e que "falhas são mais que suficientes para jogar gravação no lixo". Molina, que usou exemplos técnicos mostrando que vogais e consoantes mostram cortes evidentes e disse que há pontos que são "sonhos de consumo de um fraudador". "Há muitas evidentes descontinuidades que não têm explicação", afirmou, ressaltando que é uma "porta-aberta" para quem quer fazer edição.
Molina disse que um perito honesto diria "não" sobre a autenticidade da gravação e questionou ainda que a razão de o material entregue não ser o original. "O que me deixa preocupado é por que não se pediu a gravação original?", disse, ressaltando que o material só surgiu "instigado por toda essa confusão".
O perito ponderou que conceito de originalidade de gravações digitais é muito sutil e que é complicado quando se fala em relações editais. "A posição técnica correta e até ética é desprezar (a gravação), assim como se despreza uma carne com pedaço podre", afirmou.
De acordo com Molina, do ponto de vista técnico a gravação não pode ser considerada autêntica.
(Carla Araujo e Renan Truffi).