Renan: 'perfil político ideológico' imposto pelo MPF tem ficado 'evidente'

O senador disse que há um "arrastão" para desmoralizar homens públicos de bem

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), subiu o tom novamente contra os responsáveis pela Operação Lava-Jato.
Em discurso na tribuna do plenário, nesta quinta-feira, 20, Renan afirmou que o "perfil político-ideológico imposto pelo Ministério Público Federal nessas apurações tem ficado evidente". Para o parlamentar, há um "arrastão para desmoralizar homens públicos de bem", baseados em "insinuações maliciosas, inculpações precárias e acusações débeis".

"Denúncias precárias e pedidos de abertura de novos inquéritos surgem exatamente quando o Congresso se debruça sobre o projeto de lei que pune o abuso de autoridade e busca soluções para a sangria salarial provocada pelos auxílios inconstitucionais auferidos pelos membros do Ministério Público. São iniquidades contra o Parlamento", acusou.

Na quarta-feira, três procuradores da força-tarefa da Lava Jato publicaram um vídeo nas redes sociais com críticas ao relatório apresentado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) sobre a lei do abuso. Renan considera que a iniciativa "deforma a realidade e confunde a população" sobre o teor do projeto.

Requião rejeitou o texto de Renan acerca do tema e propôs um substitutivo à proposta alternativa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com diversas alterações.

Renan focou boa parte do seu discurso para criticar os acordos de delação premiada. "Delações bastam para MP acusar, lançando parlamentares na vala comum da corrupção", afirmou.

Na semana passada, os depoimentos de dezenas de executivos da maior empreiteira do País, a Odebrecht, se tornaram públicos. O conteúdo baseou a abertura de inquérito contra 24 senadores no Supremo Tribunal Federal (STF). O líder do PMDB foi alvo de quatro processos de investigação.

"Impulsionadas por mais um vazamento criminoso, tornaram-se públicas as delações da Odebrecht, cujas palavras foram tomadas como ouro em pó e divulgadas com verdadeiro frisson pelo suplício público imposto à política nacional generalizadamente.
Essas exorbitâncias acontecem porque o delator, para se livrar da prisão e auferir regalias, sucumbe à pressões para relacionar políticos como beneficiários de vantagens indevidas", criticou o líder do PMDB.

Ele disse ainda que tem verificado que as delações têm "vício de origem" e não são "propriamente espontâneas". Renan mencionou o vídeo do depoimento do ex-diretor da Odebrecht, Claudio Melo Filho, onde diz que é possível observar "com nitidez a insistência" uma tentativa para vincular o seu nome a alguma ilegalidade. "Como nada tinha para contar, de criminoso, simplesmente declarou ter entendido que terceiros falavam em meu nome, coisa que já disse aqui mais de uma vez, nunca autorizei, nunca consenti", alegou Renan.

O peemedebista defendeu ainda que "os eleitos pela sociedade para representá-la não podem se transformar em uma manada tangida pelo medo e subjugada pela publicidade negativa". "Existe um movimento direcionado para empurrar a representação popular para um gueto dos imorais, sob o aplauso dos inocentes, dos desinformados e da má-fé. Com essas mesmas práticas entronizaram o nazismo", declarou.

Ele afirmou que há uma "obsessão por destruir um poder eleito" e para condenar antes do processo. Os alvos, afirma, são os partidos políticos, "demonizados pelo MP".

Renan também mencionou a operação Mãos Limpas, da Itália, muitas vezes comparada à Lava-Jato. O líder do PMDB lembrou que a operação "exterminou os quatro maiores partidos políticos da Itália", por envolvimentos em esquemas de corrupção, mas preservou o partido fascista. "É preciso ter muito cuidado com o que nós importamos de outros países." Ele também disse que o coordenador da Operação italiana, Antonio Di Pietro, acabou desistindo da magistratura e ingressando no campo político como deputado..