Por enquanto, o presidente não fará demissões na equipe, mas não esconde a preocupação com o que está por vir. Se algum dos ministros for denunciado, será afastado temporariamente e, se virar réu, terá de deixar o cargo. A linha de corte foi definida em fevereiro. Na lista de Fachin estão os dois mais próximos ministros de Temer: Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência. Trata-se do coração do governo.
Desgaste
Em conversas reservadas, auxiliares do presidente avaliam que o desgaste ainda vai aumentar. Há receio de que o ambiente conturbado provoque instabilidade política, afete a recuperação da economia e prejudique o andamento dos temas de interesse do Palácio do Planalto no Congresso, como as reformas da Previdência e trabalhista.
Embora Temer soubesse que uma bomba cairia sobre o Planalto com a abertura do sigilo das delações de ex-executivos da Odebrecht, a forma como a lista de investigados apareceu causou contrariedade no governo. A expectativa é de que os detalhes sejam conhecidos o mais breve possível para que se possa saber quem fez o quê.
"Todo mundo está sendo tratado da mesma forma e isso não está certo", disse um auxiliar de Temer, sob a condição de anonimato. "O que tem de sair é a conduta de cada um, o que cada um fez." Nos bastidores, assessores do presidente dizem ser preciso diferenciar "caixa 2" em campanhas eleitorais de recebimento de propina.
O governo havia sido informado que a abertura do sigilo das delações ocorreria após a Páscoa. Apesar de o número de ministros citados ser conhecido, Temer ficou surpreso com a quantidade de senadores envolvidos: 24 dos 81. Questionados sobre o impacto das investigações sobre a base aliada do governo no Congresso, assessores do presidente faziam questão de citar os petistas da lista de Fachin.
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