A reforma da Previdência pode ser afetada pela lista de Fachin e Janot, divulgada na noite desta terça-feira (11/4). A votação na Comissão Especial, marca para a semana que vem, pode estar comprometida. “Este projeto já estava com dificuldades para ser votado há muito tempo. Não dá para dizer que o fracasso de hoje é só por causa da lista. Mas que a divulgação dela fez com que a sessão terminasse tão cedo, isso fez”, resumiu o deputado Afonso Florence (PT-BA).
Para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), a sessão foi suspensa porque, além de outras coisas, os parlamentares do Rio perceberam que não conseguiriam obter o acordo que esperavam. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem interesse em ser governador no ano que vem, e está citado na lista de Fachin, recuou de manter a sessão. “Eu percebi que não havia quórum para a votação”.
Na semana que vem, o governo deve enfrentar seu maior desafio até agora – a votação da reforma da Previdência na Comissão Especial. “Duvido que o governo consiga colocar essa matéria em votação. Já estava complicado antes, agora é que o Planalto terá dificuldades em aglutinar a base”, disse um integrante da base aliada.
O Correio levantou que existem muitas demandas represadas de deputados por cargos e liberação de emendas. O PMDB da Câmara, por exemplo, defende a criação de uma secretaria especial de saneamento, e do Senado, quer ressuscitar o Ministério dos Portos. “Governar é isso, uma eterna fricção entre Congresso e governo", admitiu um peemedebista.
Parlamentares do Pros e do PHs reclamam que não tiveram nomeações confirmadas em cargos do governo federal nos estados. “O problema é que existem poucos espaços a serem preenchidos. Isso tudo foi feito no começo do governo”, alertou um interlocutor do Planalto junto ao Congresso.
Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Morais Filho (PB), o governo precisa vencer a batalha da comunicação. Para ele, ao invés de divulgar o argumento de que a reforma poderá quebrar privilégios, o governo Temer perdeu-se no discurso da oposição sobre o déficit. “O que a base do governo anda avaliando é o impacto dessa votação nas eleições de 2018. Por isso, é fundamental que o governo consiga fazer essa discussão junto à sociedade”, disse Efraim.