Mineiro Carlos Velloso ganha força para assumir Ministério da Justiça

Com o perfil desejado por Michel Temer, ex-presidente do Supremo é sondado para a vaga de Alexandre de Moraes

Paulo de Tarso Lyra Rodolfo Costa
Velloso tem o aval do PSDB, embora não tenha o apoio formal - Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press

Amigo de longa data do presidente Michel Temer, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso está mais próximo de se tornar ministro da Justiça. O mineiro de Entre Rios de Minas teve um encontro a sós nesta quarta-feira com o presidente e a conversa não terminou. “O presidente da República recebeu em audiência na tarde de hoje o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, doutor Carlos Velloso. O presidente seguirá conversando com o antigo amigo e ex-ministro nos próximos dias”, afirmou o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola.


A reportagem apurou que o ex-ministro foi novamente sondado para o cargo. E que ele teria ficado balançado com o novo convite vindo do presidente. A interlocutores, disse que a conversa foi boa, mas não adiantou nada. Aliados de Temer admitem que o nome do ex-ministro do STF se enquadra perfeitamente no perfil procurado para o cargo. Além disso, conta com as bênçãos do PSDB, tem um excelente trânsito no Supremo e é juiz federal de carreira, o que agrada à magistratura e o MP.

A audiência ocorreu às 16h.

Mais cedo, Temer conversou com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Os tucanos avalizam o nome de Velloso, mas não querem assumir publicamente a indicação, para não comprar mais uma briga com o PMDB. Os dois partidos estão em fase de estranhamento após a nomeação do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo.

Na semana passada, Temer e Velloso já haviam conversado sobre o Ministério da Justiça, mas, em um primeiro momento, recusou o convite. Preferia permanecer na advocacia. Mas as reviravoltas políticas dos últimos dias fizeram Temer procurar novamente o amigo.

Rodrigo Pacheco


O PMDB, particularmente a bancada de deputados, queria o Ministério da Justiça. Já tinha, inclusive, o nome engatilhado para ser o cargo: Rodrigo Pacheco, mineiro, advogado, com nome consolidado no meio jurídico. Os peemedebistas estavam inquietos.

Mas declarações e ações pretéritas e Pacheco sepultaram as chances o mineiro. O peemedebista votou em medidas que endurecem a fiscalização de juízes e procuradores contra o abuso de autoridade, no pacote anticorrupção e também apontou a banalização da delação premiada, que tem sido essencial para a Operação Lava-Jato. “Porque, num universo de 20, de 30 criminosos, se todos fazem a delação, e se tem permitido fazer isso, fulmina o que é a razão de ser do instituto e acaba por gerar, sim, impunidade, porque todos se valem do benefício para todos saírem, no fim das contas”, afirmou.

E não foi só. Em entrevista como conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil, em 2013, ele também criticou o Ministério Público. “Há uma divisão de atribuições e competências muito clara na Constituição. Entretanto, em razão de casos concretos que surgiram nos últimos anos, o MP inaugurou procedimentos administrativos criminais análogos a inquéritos policiais, investigando fatos crimes, servindo aquela investigação, unilateral do MP, para propositura por ele mesmo, MP, de ações penais”, afirmou o deputado à época.

Votação

O Planalto chegou a cogitar abrir mão de um nome essencialmente técnico para entregar a vaga ao PMDB. Isso porque temia que a bancada de deputados do partido prejudicasse o governo na votação da reforma da Previdência e em outros projetos importantes em tramitação no Congresso.

O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu, em palestra interna a representantes da área da saúde, que a capacidade de angariar votos é fundamental para definir quem é ou não ministro.

“Queríamos montar um ministério de notáveis. Até sondamos um médico conhecido de São Paulo para a Saúde. Mas avisamos ao PP que a pasta era deles. Dias depois, eles me procuraram para afirmar que o notável do partido era o deputado Ricardo Barros. Avisei ao presidente e ele disse: não tem jeito, então”, lembrou Padilha.

Os peemedebistas sabem disso e estavam enciumados, sentindo-se desprestigiados. Além de perder a Secretaria de Governo após a saída de Geddel Vieira Lima, ainda alegavam que, mesmo tendo a maior bancada, tiveram que ceder a presidência da Câmara para Rodrigo Maia (DEM-RJ). Caso o PMDB perca, de fato, o Ministério da Justiça, a legenda ainda poderá ser contemplada com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a principal da Casa.

 

 

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