O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, afirmou em delação premiada ter se reunido com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, quando ele governava Minas Gerais, para tratar de uma fraude na licitação da obra da Cidade Administrativa com vistas a favorecer grandes empreiteiras.
A informação foi publicada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com o depoimento, foi decidido um percentual de propina a ser repassado pelas empresas no esquema.
O senador Aécio Neves divulgou nota repudiando o teor do relato do delator e defendeu o fim do sigilo das delações “para que todo conteúdo seja de conhecimento público”. Aécio classificou a citação de ''falsa e absurda'''.
Segundo a Folha, o percentual da propina na Cidade Administrativa ficou entre 2,2% e 3% sobre os contratos. A Odebrecht era líder no consórcio que venceu a licitação, sendo responsável por 60% da obra.
Aécio teria orientado as construtoras a procurar Oswaldo Borges da Costa Filho, conhecido como Oswaldinho, para que o percentual da propina fosse acertado.
A Cidade Administrativa foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e custou à época R$ 2,1 bilhões. Foi a obra mais cara do tucano no governo de Minas.
As obras da construção do Rodoanel e do Metrô, em São Paulo, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), também são citadas nas delações da Odebrecht mas, de acordo com os investigadores, funcionários não detalharam o esquema de propina.
Por causa das delações de BJ, como era chamado Benedicto Júnior, os procuradores da Lava-Jato solicitaram uma espécie de recall da delação da Andrade Gutierrez. Faltou, segundo eles, detalhar os esquemas de propina da Cidade Administrativa, do Rodoanel e do Metrô de São Paulo.
OPERAÇÃO LAVA-JATO