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Estado de Minas

Saiba como Eike Batista passou da lista de bilionários da Forbes à da Interpol

O ex-bilionário teve prisão preventiva decretada, mas saiu do país com um passaporte alemão


postado em 27/01/2017 06:00 / atualizado em 27/01/2017 07:35

O empresário Eike Batista passou da lista da Forbes à lista da Interpol(foto: Fábio Pozzebom/ABr)
O empresário Eike Batista passou da lista da Forbes à lista da Interpol (foto: Fábio Pozzebom/ABr)

Das prestigiadas páginas da revista Forbes, que anualmente divulga a lista das pessoas mais ricas do mundo, o empresário Eike Batista passou a integrar, desde ontem, a lista vermelha de foragidos da Interpol, a Polícia Internacional.

Uma nova fase da Operação Lava-Jato foi deflagrada na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal e teve Eike como principal alvo. A Operação Eficiência, um desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro, apresentou pedido de prisão preventiva contra o empresário, suspeito de ocultar US$ 16,5 milhões de propina do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) no exterior. Cabral também foi alvo da operação, mas está preso desde a primeira etapa da Lava-Jato no Rio.


Com base nas delações premiadas de dois operadores do mercado financeiro, Renato e Marcelo Chebar, a Polícia Federal e a Procuradoria da República descobriram remessas de US$ 100 milhões para o exterior em favor de Cabral. Deste total, US$ 85 milhões já foram recuperados e estão à disposição da Justiça brasileira. O restante dependerá de acordos internacionais para sua repatriação.

O pedido de prisão para Eike, contudo, não foi cumprido porque o empresário está fora do país. O delegado da PF Tácio Muzzi informou que os investigadores apuraram que Eike teria embarcado para Nova York na terça-feira com passaporte alemão. O nome do empresário foi incluído na difusão vermelha da Interpol – índex dos mais procurados em todo o mundo. Ele foi formalmente declarado foragido.

Segundo os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Eficiência, Eike Batista é o “autor intelectual do ato de corrupção do então governador Sérgio Cabral”. Ao requerer a prisão preventiva – medida decretada pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio –, a Procuradoria esmiuçou como o empresário pagou US$ 16,5 milhões em propina por meio de uma conta no Panamá.

Os procuradores afirmaram ainda que Eike tentou obstruir a Justiça e sustentaram que ele usou empresa de fachada, a Arcádia, para repassar a propina ao ex-governador. Entre os envolvidos que tiveram pedido de prisão decretada ontem está o vice-presidente de futebol do Flamengo, Flávio Godinho.

NEGÓCIO SIMULADO

“(Eike) Autor do negócio simulado da Arcádia e tendo ainda determinado a prática de atos de obstrução da investigação em 2015, é pivô de todo este imenso pagamento de propina e artífice mor dessa sofisticada operação de lavagem de dinheiro pela Arcádia. E mais, já em 2015, determinou a Flávio Godinho a prática de ato de obstrução da investigação”, afirmam os investigadores. Os procuradores fazem menção ao depoimento que Eike prestou ao Ministério Público Federal em Curitiba – base da Lava-Jato – em que confessou pagamentos de R$ 5 milhões a Mônica Moura, mulher de João Santana – marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010/2014).

No pedido de prisão preventiva de Eike, os procuradores anotam ainda que ele mentiu ao dizer que nunca pagou propinas a Sérgio Cabral. Uma operação sob suspeita revela que ele repassou pelo menos R$ 1 milhão para o escritório da advogada Adriana Ancelmo, mulher do peemedebista – ela também foi presa na Operação Calicute. Os procuradores estão convencidos do “maior envolvimento de Eike com a organização criminosa”. 

“Note que, com a informação obtida da Caixa Econômica Federal de que ‘não houve indicação, pela Caixa, na qualidade de administradora de fundos de investimentos, do escritório de advocacia Coelho e Ancelmo Advogados para a EBX, nem para qualquer outra operação’, as alegações de Eike caem por terra”, dizem os procuradores para demonstrar que o empresário mentiu em seu depoimento em Curitiba. (Com agências)

Quem é Eike Batista


3 de novembro de 1956
– Nasce em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, filho de Eliezer Batista (ex-ministro de Minas e Energia e ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce), e da alemã Jutta Fuhrken.

Eike passou a juventude na Europa (Suíça, Alemanha e Bélgica), por causa da carreira do pai. Iniciou o curso de engenharia metalúrgica na Alemanha, mas não concluiu.

No início dos anos 1980, Eike investe na mineração na região da Amazônia. Com US$ 500 milhões emprestados, ele monta a Autram Aurem, que compra e vende ouro.

Anos depois de começar a explorar ouro na Amazônia, ele se associa à empresa canadense Treasure Valley, que passa a se chamar TVX Gold.

Em 1991, Eike casa-se com a modelo Luma de Oliveira, com quem teve dois filhos.

No fim dos anos 1990, compra uma empresa de saneamento e cria a AMX.

Em 2001, ele entra no mercado de energia ao construir uma termelétrica. São os primeiros passos da MPX.

Em 2004, se separa de Luma de Oliveira.

No ano seguinte vende uma de suas empresas para a Petrobras e inicia o projeto da MMX, empresa de mineração e logística.

Abre o capital da MMX na bolsa de valores em 2006.

Em 2007, cria a OGX, empresa de produção e exploração de petróleo e gás do grupo EBX. Na época, foi anunciado um orçamento de US$ 500 milhões para a busca por gás natural no Brasil e em outros países.

Cria mais uma empresa, desta vez a OSX, voltada para a indústria naval.

Em 2010, entra para a lista dos mais ricos do mundo. Segundo a Forbes, com fortuna avaliada em US$ 30 bilhões, Eike era o 8º homem mais rico do mundo e o mais rico do Brasil. No ano seguinte, ele subiria uma posição, se tornando o 7º mais rico do planeta.

2012 marca do início de sua queda. Sua fortuna encolhe US$ 6 bilhões em um só dia.

Em julho, as ações da OGX despencaram depois que a empresa informou que não tinha tecnologia para iniciar a produção de petróleo na Bacia de Campos.

No final de 2013, a OGX dá calote de cerca de US$ 45 milhões em juros para credores. OGX anuncia que campos poderão parar de produzir e ação acumula queda de 95%. O empresário se diz arrependido de ter recorrido ao mercado de ações. A OGX entra com pedido de recuperação judicial.

Em setembro de 2014, a 3º Vara Federal Criminal determinou bloqueio de R$ 1,5 bilhão, a pedido do Ministério Publico por causa de um lucro indevido obtido pelo empresário com operações da OGP.

No fim de 2014, Eike vira réu em ação penal, acusado de cometer  crimes de manipulação de mercado e uso indevido de informação privilegiada. Como o empresário não tinha essa quantia para ser bloqueada, o Judiciário apreendeu veículos, embarcações e outros bens.


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