(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Coluna Baptista Chagas de Almeida


postado em 06/12/2016 12:00 / atualizado em 06/12/2016 12:24

(foto: Arte/Soraia Piva)
(foto: Arte/Soraia Piva)

Nada a acrescentar, a ministra disse tudo

“Espero que a sociedade não deixe de acreditar nas instituições”. A frase é da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Uma verdadeira premonição. Difícil era acreditar que fosse possível em curto prazo. Era, Renan Calheiros que o diga.

Antes, porém é preciso mostrar parte do atual cenário político. “Nova fase da Lava-Jato mira em ministro do TCU e relator da CPI da Petrobras”. Trata-se do ministro Vital do Rêgo (PMDB), e TCU é o Tribunal de Contas da União, isso mesmo, aquele que existe para zelar pelo cumprimento de honestidade dos políticos e de puni-los, caso partam para atos de corrupção.

Se pode piorar, é necessário destacar também as manifestações em favor da Operação Lava-Jato em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). E piora porque o nobre senador Roberto Requião, em pleno domingo, dia de ir à missa rezar para que a honestidade volte a reinar, postou no twitter sobre elas: “Eu recomendo alfafa, muita alfafa. In natura ou como chá. É própria para muares e equinos, acalma e é indicada para passeatas nonsense”. Requião é outro que vai engasgar. Aliás, já engasgou.

A declaração de Requião recebeu indignação geral, com milhares de posts nas redes da internet o condenando. E ontem, ele ainda insistiu: “Eu não vou frouxar, peço a vocês que me assistem agora que não frouxem, não cedam, dureza contra a corrupção. Jamais vou aceitar o autoritarismo do fascismo, do nazismo ou do entreguismo que querem acabar com a soberania nacional”. Então, tá. O culpado de tudo é o “nazista” Sérgio Moro, ovacionado nas manifestações país afora, por comandar as investigações da Lava-Jato?


Então, melhor avisar Requião que quem resolveu não “frouxar” em relação a Renan Calheiros (PMDB-AL) foi o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em decisão liminar, tirou dele o cargo de presidente do Senado. “Com a urgência que o caso requer, deem cumprimento, por mandado, sob as penas da lei, a esta decisão”, escreveu o relator da ação contra Renan.

Pelo jeito, a ministra Cármen Lúcia teve uma premonição. Bastam mais dois trechos de suas declarações. O primeiro: “Nós não esperamos que a sociedade em algum momento precise desacreditar, a tal ponto que resolva fazer justiça pelas próprias mãos, que é nada mais que exercer a vingança, que é a negativa da civilização”. Desacreditar nas instituições, óbvio. E agora o resumo da ópera, que diz tudo, nada a acrescentar: “Ou é a democracia ou a guerra. E o papel da Justiça é exatamente pacificar”. Então, Renan, vá em paz sentar-se no plenário.

O cuspe como réu

Um cuspezinho não dói. É o que devem dizer hoje, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, as testemunhas de defesa de Jean Wyllis (PSOL-RJ), no processo que contra ele move o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Wyllis, que deve falar também, é, ele próprio, convocou Nilson Leitão (PSDB-MT) e Maria do Rosário (PT-RS) para testemunhar no processo. Partindo de Bolsonaro, é bem provável que motivo sério teve Jean Wyllys. Afinal, se o parlamentar do PSC tivesse conseguido reagir e não fosse contido, seria até covardia. Jean Wyllys, com aquela musculatura que tem, iria apanhar até falar chega. Aliás, nem isso iria adiantar.

Fritura econômica

Já tem tucano que nem despista mais. Como praticamente já tomaram conta de vários cargos importantes da equipe econômica, agora colocaram o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na frigideira. Não é em fogo baixo, muito antes pelo contrário. Quem diria, é gente de esquerda no Congresso que anda esperneando com a atitude dos tucanos. É, isso mesmo, até petistas, defendem Meirelles. O argumento é que o restante da área de economia de Michel Temer (PMDB), cobiçada pelo comando tucano, é ainda mais liberal que Meirelles, se é que isso seja possível. O curioso, é que, neste caso, os tucanos desceram do muro.

“Cheio de rugas”
Quem revela é o deputado Luiz Fernando (PP-MG), que diz estar “meio atordoado” com tudo o que está acontecendo no Congresso. “Muito confuso, até embate entre os poderes Legislativo e Judiciário e ainda o Ministério Público está acontecendo”, diz Luiz Fernando, acrescentando estar “tentando compreender” o atual momento. Está preocupado também com o Poder Executivo, por causa das idas e vindas do presidente Michel Temer (PMDB). Faz, com muito sentido, o resumo do momento atual: “Um governo novo que já está cheio de rugas”.

“Aberração”
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) está revoltado até hoje com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que insistiu em votar o projeto, em plena madrugada, que trata do abuso de autoridade por parte do Ministério Público e do Judiciário. Ele foi um dos cerca de 50 deputados que deixaram o plenário em protesto contra Maia. “Quem tem vontade de aprovar este projeto que seja obrigado a pôr a cara”, alegou Delgado sobre os colegas que votaram a favor. E fez o resumo da ópera, ópera-bufa, vale repetir: “É o limite da aberração, 3h30 da madrugada, numa segunda para terça, com o país de luto com a tragédia com a Chapecoense”.

PINGAFOGO


No início da noite de ontem saiu a decisão. O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar para afastar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo. Antes tarde, do que nunca.  Por enquanto, Renan ainda mantém o mandato, mas perde a presidência. O que não faz nenhuma diferença. Afinal, teimoso como ele é, deve estar inconsolável, enquanto os tucanos devem estar comemorando com champanhe.

As manifestações de domingo já começam a dar resultado. O senador Álvaro Dias (PV-PR) já anunciou que vai apresentar requerimento para extinguir, é isso mesmo, o regime de urgência da tramitação.

Trata-se do projeto que trata do abuso de autoridades. Álvaro Dias ressaltou que é necessário ouvir a voz das ruas, que “deixou claro em manifestações que o projeto de abuso de autoridade não é prioridade”.

A turma do PT não desiste, ao contrário, insiste. Agora dizem que a manifestação de domingo foi “Fora, Temer”. Uai, o grande boneco não era o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não? Então, me confundi.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)