Nada a acrescentar, a ministra disse tudo
“Espero que a sociedade não deixe de acreditar nas instituições”. A frase é da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Uma verdadeira premonição. Difícil era acreditar que fosse possível em curto prazo. Era, Renan Calheiros que o diga.
Antes, porém é preciso mostrar parte do atual cenário político. “Nova fase da Lava-Jato mira em ministro do TCU e relator da CPI da Petrobras”. Trata-se do ministro Vital do Rêgo (PMDB), e TCU é o Tribunal de Contas da União, isso mesmo, aquele que existe para zelar pelo cumprimento de honestidade dos políticos e de puni-los, caso partam para atos de corrupção.
Se pode piorar, é necessário destacar também as manifestações em favor da Operação Lava-Jato em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). E piora porque o nobre senador Roberto Requião, em pleno domingo, dia de ir à missa rezar para que a honestidade volte a reinar, postou no twitter sobre elas: “Eu recomendo alfafa, muita alfafa.
A declaração de Requião recebeu indignação geral, com milhares de posts nas redes da internet o condenando. E ontem, ele ainda insistiu: “Eu não vou frouxar, peço a vocês que me assistem agora que não frouxem, não cedam, dureza contra a corrupção. Jamais vou aceitar o autoritarismo do fascismo, do nazismo ou do entreguismo que querem acabar com a soberania nacional”. Então, tá.
Então, melhor avisar Requião que quem resolveu não “frouxar” em relação a Renan Calheiros (PMDB-AL) foi o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em decisão liminar, tirou dele o cargo de presidente do Senado. “Com a urgência que o caso requer, deem cumprimento, por mandado, sob as penas da lei, a esta decisão”, escreveu o relator da ação contra Renan.
Pelo jeito, a ministra Cármen Lúcia teve uma premonição. Bastam mais dois trechos de suas declarações. O primeiro: “Nós não esperamos que a sociedade em algum momento precise desacreditar, a tal ponto que resolva fazer justiça pelas próprias mãos, que é nada mais que exercer a vingança, que é a negativa da civilização”. Desacreditar nas instituições, óbvio. E agora o resumo da ópera, que diz tudo, nada a acrescentar: “Ou é a democracia ou a guerra. E o papel da Justiça é exatamente pacificar”. Então, Renan, vá em paz sentar-se no plenário.
O cuspe como réu
Um cuspezinho não dói.
Fritura econômica
Já tem tucano que nem despista mais. Como praticamente já tomaram conta de vários cargos importantes da equipe econômica, agora colocaram o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na frigideira. Não é em fogo baixo, muito antes pelo contrário. Quem diria, é gente de esquerda no Congresso que anda esperneando com a atitude dos tucanos. É, isso mesmo, até petistas, defendem Meirelles.
“Cheio de rugas”
Quem revela é o deputado Luiz Fernando (PP-MG), que diz estar “meio atordoado” com tudo o que está acontecendo no Congresso. “Muito confuso, até embate entre os poderes Legislativo e Judiciário e ainda o Ministério Público está acontecendo”, diz Luiz Fernando, acrescentando estar “tentando compreender” o atual momento. Está preocupado também com o Poder Executivo, por causa das idas e vindas do presidente Michel Temer (PMDB). Faz, com muito sentido, o resumo do momento atual: “Um governo novo que já está cheio de rugas”.
“Aberração”
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) está revoltado até hoje com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que insistiu em votar o projeto, em plena madrugada, que trata do abuso de autoridade por parte do Ministério Público e do Judiciário. Ele foi um dos cerca de 50 deputados que deixaram o plenário em protesto contra Maia. “Quem tem vontade de aprovar este projeto que seja obrigado a pôr a cara”, alegou Delgado sobre os colegas que votaram a favor. E fez o resumo da ópera, ópera-bufa, vale repetir: “É o limite da aberração, 3h30 da madrugada, numa segunda para terça, com o país de luto com a tragédia com a Chapecoense”.
PINGAFOGO
No início da noite de ontem saiu a decisão. O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar para afastar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo. Antes tarde, do que nunca. Por enquanto, Renan ainda mantém o mandato, mas perde a presidência.
As manifestações de domingo já começam a dar resultado. O senador Álvaro Dias (PV-PR) já anunciou que vai apresentar requerimento para extinguir, é isso mesmo, o regime de urgência da tramitação.
Trata-se do projeto que trata do abuso de autoridades. Álvaro Dias ressaltou que é necessário ouvir a voz das ruas, que “deixou claro em manifestações que o projeto de abuso de autoridade não é prioridade”.
A turma do PT não desiste, ao contrário, insiste. Agora dizem que a manifestação de domingo foi “Fora, Temer”. Uai, o grande boneco não era o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não? Então, me confundi.
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