São Paulo, 07 - O prefeito eleito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), disse entrevista exclusiva à Rádio e à TV Estadão nesta segunda-feira, 7, que a sociedade votou por um projeto de mudança nas últimas eleições municipais e viu aquilo que sempre foi a essência do PSDB: o antagonismo ao PT. "Não foi à toa que elegemos tantos prefeitos. O PSDB vai governar 52% dos eleitores do Estado de São Paulo e em cidades grandes, onde governa ou já governou o PT", afirmou.
Morando, que durante a campanha teve apoio do prefeito eleito de São Paulo João Doria e do governador do Estado Geraldo Alckmin, afirmou ainda que irá diminuir o "tamanho da máquina pública" assim que assumir a gestão da cidade do ABC paulista. "Quero impor práticas do setor privado para o poder público", disse.
O tucano disse que vai reduzir o número de secretarias - hoje em 24 - para algo entre 15 e 18. Também disse vai cortar cargos comissionados (CCs). Nesse caso, afirmou que pretende começar demitindo "todos os petistas de outras cidades e Estados" que foram contratados em cargos comissionados pelo governo atual.
"O cargo político é importante? É, porque, por exemplo, preciso colocar um médico da minha confiança para gerir um hospital. Mas sou contra o aparelhamento partidário da máquina pública", diz Morando. O prefeito eleito também afirmou que vai abolir carro oficial para todos que tinham direito na prefeitura, a começar por ele.
Morando disse também que, em seu discurso de vitória em 30 de outubro, mencionou seu perdão às baixarias da campanha eleitoral "que foram muitas".
Ele comentou que a indignação da sociedade com a classe política precisa ser resolvida pelos prefeitos, por serem os agentes públicos mais próximos da população.
Nesse contexto de rejeição social à classe política, Morando afirmou que Doria é um "case" a ser estudado. "Ele é um grande comunicador."
O tucano de São Bernardo afirmou que a participação do prefeito eleito da capital paulista em sua campanha contribuiu para a sua vitória.
Medidas
Morando também afirmou que planeja reindustrializar São Bernardo do Campo, que tem uma taxa de desemprego de 18%, acima dos 12% do cenário nacional. Ele disse que não pretende esperar o reaquecimento da economia brasileira para ver a geração de empregos na cidade. "(O fortalecimento da economia local) não vai acontecer de forma natural", disse.
Para que as empresas voltem a crescer e a contratar, o prefeito disse que vai trabalhar com "ousadia tributária e fiscal". Como exemplo, o tucano disse que deve dar desconto ou benefício no IPTU para a montadora de veículos instalada no município que lançar uma nova linha de produção - e, portanto, admitir novos trabalhadores.
Em resposta a perguntas de ouvintes da Rádio Estadão, o prefeito eleito afirmou que vai rever as obras inacabadas na cidade. Segundo ele, a meta é retomar o trabalho nesses locais ainda no primeiro semestre.
Sobre a linha 18 bronze do Metrô de São Paulo, Morando afirmou que o andamento da obra depende dos governos federal e estadual. Ele disse que o projeto parou por causa do governo do PT.
Transição
O tucano também afirmou que deve reunir-se nesta terça-feira, 8, com o atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT) para a primeira reunião de transição. "O prefeito me ligou e temos reunião amanhã. Sou otimista quanto à transição", disse.
Morando lembrou que os prefeitos do ABC paulista têm um consórcio com sete municípios. "Queremos que o Estado e a prefeitura da capital tenham assento nesse consórcio, porque os problemas são comuns entre as cidades", disse. "Mas (esse consórcio) não pode ser um clube para bater papo", afirmou..