Desencanto. É preciso explicar?
Para explicar, é melhor consultar os dicionários. O significado é uma extrema bobagem O verbete vem assim: “Ato de desencantar, desengano, quebra do encantamento”. Então, a coluna traduz melhor: no popular, nem aí. É, isso mesmo, é o que revela, faltando menos de uma semana para a eleição em Belo Horizonte, a pesquisa do Giga Instituto, que teve campo até domingo.
No levantamento espontâneo, apenas 17% declaram voto em João Leite (PSDB) e 15% em Alexandre Kalil (PHS). Os que não votarão em ninguém, é, ninguém, ou anular o voto, chegam a 27%. Quase um terço do eleitorado né. Pode ficar pior? Pode: os que estão indecisos ou declaram a intenção de votar em branco somam 30%.
É claro que na pesquisa estimulada, quando é apresentado o cartão com os nomes dos candidatos, a situação melhora, especialmente para João Leite. Ele vai a 26%, contra 19% de Kalil. Melhora pouquinho, porque somando indecisos, votos em branco ou nulo ainda restam 39%. Muito alto para tempo tão curto até domingo.
Tudo bem que, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, no meio do caminho tinha uma Olimpíada, tinha uma Olimpíada no meio do caminho. E teve também a Paralimpíada, que levou mais público às competições.
Vale ressaltar que os ingressos eram mais baratos. Em tempos bicudos, pode ser isso, mas é bem mais provável que prevaleceu o sentimento de solidariedade e de admiração dos brasileiros pelo esforço de quem supera as dificuldades. Deficiências, a coluna ressalva: me poupe!.
Ainda no meio do caminho, de novo parafraseando Drummond, tinha uma pedra no meio do caminho para Alexandre Kalil, o grau de rejeição, que é, dentro da margem de erro, a metade do eleitorado. Na pesquisa estimulada, o índice é nada menos que 44% dos que declaram que não votam nele de jeito nenhum. A mesma questão para João Leite mostra 33%.
Como se vê, metade e um terço. O que isso significa não tem margem de erro: os eleitores belo-horizontinos já elegeram a preguiça que eles têm dos políticos. Os políticos em geral, nem João Leite nem Kalil são os culpados. É apenas o retrato do desencanto lá do título com toda a classe política.
No avião da PF
Para desembarcar um pouco das questões eleitorais, é melhor mudar um pouco de assunto e registrar que o ex-ministro Antonio Palocci (PT) dos governos Lula e Dilma embarcou ontem, em avião da Polícia Federal, para Curitiba. Era tudo o que ele não queria, cair nas mãos do juiz Sérgio Moro, principal personagem da Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF), que comandam a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o país já teve.
E no submarino
Ainda é investigação preliminar, mas o ex-ministro Antonio Palocci é investigado também por ter tido vantagens, digamos assim, na negociação de compra de um submarino nuclear. Trata-se do Programa Nuclear da Marinha e o de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Então, é melhor Palocci tentar submergir desse assunto. Mas ele corre o risco de se afogar, à medida que a Polícia Federal aprofundar – não é, nesse caso, trocadilho não, é coisa séria – as investigações. Mas não dá para resistir. Embarque no avião e investigação de submarino, que meio de transporte falta?
Se não é palanque...
... mudou de nome. A Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa (ALMG) tem nova audiência pública amanhã. Semana passada, foi sobre as ocupações em Belo Horizonte. Qual será o tema da audiência pública “Ocupações urbanas voltam a ser discutidas na ALMG”? Insistência pouca é bobagem, o tema agora é sobre a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Caiu na rede...
...não é peixe. É pouco? Não para Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, partido que ela criou. Embora precise estar sempre tendo cuidado com sua conhecida – e ela não esconde – frágil saúde, Marina já esteve em 18 estados em campanha. Como pretende se candidatar de novo em 2018, tenta carregar o partido que criou nas costas, mas as pesquisas indicam que, mesmo com tanto esforço, pouco tem adiantado. Ela patina por todo lado. Não é para menos, a legenda tem apenas de 10 a 20 segundos, na maioria das vezes, nas propagandas das eleições municipais. A propósito, Marina estará hoje em BH e Betim.
Divórcio eleitoral
Todo o material publicitário de Cristine Lasmar (PMDB), candidata a prefeita em Oliveira, além do de diversos candidatos a vereador, continha a foto do ex-prefeito Ronaldo Resende. Viu o verbo no passado? Continha. Ele estava em impressos, cartazes, placas, folhetos, santinhos e adesivos.
PINGAFOGO
Bola pra frente, que atrás vem gente. Ihh! Não, o ditado não serve para a eleição de prefeito em Belo Horizonte. Melhor corrigir: bola pra frente que atrás não vem gente.
É o que deixa claro, claríssimo, a pesquisa publicada hoje. João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS) estão tão na frente que os demais nem pontuam direito. Pela margem de erro, vale ressaltar.
Do futebol para a sinuca: o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, está pela bola sete. Por causa de suas declarações sobre a Operação Lava-Jato.
Traduzindo: bola sete se refere à pessoa que está no fio da navalha. Na expressão mais comum, na corda bamba. O presidente Michel Temer ficou irritado, para dizer o mínimo, com a atitude de Moraes.
No site da Assembleia Legislativa, desde de manhã, três notícias. Só agenda. Relatava programas da TV Assembleia, de seminário de ensino a distância, sobre a Proclamação da República, e outro sobre uso de marcapassos.
Para distrair, o site da ALMG anunciava show do grupo Serelepe. É, última semana das eleições...
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