Jornal Estado de Minas

PSDB terá maior tempo na televisão na disputa pela PBH

Só na televisão serão 34h24 destinados aos candidatos a prefeito entre 26 de agosto e 29 de setembro, sete horas e meia a mais do veiculado nas últimas eleições municipais. Um tempo precioso - em época de financiamento magro e campanhas mais curtas - que determinou a acomodação, nos últimos 45 dias, dos dados lançados na briga pela formação das coligações partidárias. Em Belo Horizonte, o pulverizado cenário que se consolidou durante a semana em torno de 11 candidaturas chegou a exibir 19 legendas aspirantes. De união em união, em meio a juras de amor político eterno, enquanto persistam os interesses, partidos e candidatos suaram a camisa para engordar apoios que rendessem tão e somente a maior fatia na distribuição do tempo de antena possível.

Como saldo da batalha pela propaganda eleitoral gratuita, o deputado estadual João Leite (PSDB) terá 28,2% das horas distribuídas. Isso dará à sua candidatura, que agrupou a maior fatia do núcleo político esfacelado que reelegeu Marcio Lacerda em 2012, o tempo proporcional de 10min41s diários em inserções de 30 ou 60 segundos, além de 5min5s divididos em dois blocos do velho horário eleitoral, agora de segunda a sábado. Somam-se a esta programação mais 11s nos dois blocos do horário eleitoral de segunda a sexta-feira e 22s diários de spots, dentro dos 10% da distribuição igualitária a cada um dos 11 candidatos majoritários em disputa.

O mexe e remexe do PSB, que deixou mortos e feridos nesta que foi a última demarcação importante no teatro das operações, deu ao vice-prefeito Délio Malheiros (PSD) o segundo maior tempo proporcional de antena: 3min nos dois blocos do horário eleitoral, 6min18 em spots diários. Representa 16,7% da propaganda, distribuição um pouco maior que terão as candidaturas do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB) e a do deputado federal Reginaldo Lopes (PT), que representam, nesta ordem, 16,2% e 14,5% do tempo gratuito destinado às campanhas majoritárias em BH.

Enquanto essas quatro chapas que reuniram em suas respectivas coligações as bancadas federais mais robustas concentram 75,6% do tempo distribuído, três outras candidaturas – do deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PR) e do ex-presidente do Clube Atlético Mineiro Alexandre Kalil – somam 18,8% do bolo proporcional – com, nesta ordem, 3min11, 2min40 e 1 min16 diários em inserções diárias, mais 1min31, 1min16 e 36s nos blocos do horário eleitoral. Com a menor fatia no tempo de antena estão as candidaturas dos deputados federais Eros Biondini (PROS) e Luís Tibé (PTdoB) e da professora Maria da Consolação (PSOL).
Sem representação na bancada federal, Vanessa Portugal (PSTU) contará apenas com a distribuição igualitária gratuita. Estas apostam na máxima de que mais importante de “o quanto” se fala é “o que se fala”.

ENÉAS Nas duas primeiras décadas das eleições brasileiras do período pós-redemocratização, o horário eleitoral gratuito ocupou um papel central nas campanhas políticas. Apontado como principal canal para dar visibilidade aos candidatos em megraproduções de marketing, foi na contramão dessta concepção que, nas eleições presidenciais de 1989 e de 1994, o então candidato Enéas Carneiro, já falecido, entrou para o folclore político. Com a frase “meu nome é Enéas”, ele fechava a sua participação no horário eleitoral, pronunciando 50 palavras em seus 15 segundos de fama. Enéas superou em 1994, com votação surpreendente, as candidaturas de Orestes Quércia (PMDB), Leonel Brizola (PDT) e Espiridão Amim (PPR) e o seu bordão inspirou, após o pleito, anúncios de frango a motéis. Obviamente, os tempos são outros e as mídias digitais e redes sociais hoje assumem protagonismo nas campanhas eleitorais. Em convergência com os meios tradicionais, têm demonstrado melhores resultados na divulgação e “destruição” de candidaturas.

 

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