Brasília, 26 - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, abrirá as oitivas da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que discutirá medidas contra a corrupção na próxima quinta-feira, 4, às 9h30. O anúncio foi feito pelo relator do colegiado, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), nesta terça-feira, 26. Segundo o parlamentar, o pacote com as dez medidas anticorrupção proposto pelo Ministério Público Federal (MPF), que apresentou em março uma Ação Popular com mais de 2 milhões de assinaturas, modificaria 29 legislações no total. "Não é algo básico e os procuradores têm consciência disso", afirmou Lorenzoni.
Depois de Moro, no dia 9, às 14h30, os parlamentares ouvirão o procurador da República Deltan Dallagnol, que coordena as investigações, ao lado de outros membros do MP que participam da operação. Segundo o relator, o objetivo é ouvir primeiro os autores das propostas para que eles possam defender as medidas. Ontem, Lorenzoni e o presidente da comissão, Joaquim Passarinho (PSD-PA), se reuniram com a equipe da força tarefa da Lava Jato, em Curitiba, para conversar sobre o cronograma dos trabalhos, que será apresentado pelo relator na próxima terça-feira, 2. Segundo o deputado, Moro foi muito "gentil" e aceitou o convite "na hora".
A pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ele disse que pretende apresentar o seu parecer no final de outubro, após a eleição. A votação no plenário deverá ocorrer em meados do mês de novembro.
O objetivo das oitivas é buscar um consenso entre os parlamentares e desfazer atritos anteriores entre os responsáveis pelas investigações e os políticos. "Isso tudo é muito complicado, vamos desacomodar muita gente", disse. Segundo ele, os parlamentares disseram aos investigadores da Lava Jato que o trabalho da comissão terá que ser de "cooperação". "Vai ter hora que a gente vai ter que dizer não e eles vão ter que aceitar. Outras que vão definir pontos que não podem abrir mão", comentou.
Lorenzoni disse ainda que já pediu um estudo de comparação de medidas de combate à corrupção feitas por outros países, como Estados Unidos e Alemanha. "Isso é importante para a gente não se contentar apenas em diminuir o tempo processual, por exemplo, mas também poder avançar em outras coisas". Além disso, o relator já pediu a consultores da Câmara que façam um levantamento dos principais projetos anticorrupção que já estão em tramitação no Congresso dentro desse rol. Ele afirmou que os integrantes da força-tarefa da Lava Jato ficaram muito "surpresos e satisfeitos" com o que foi apresentado pelos parlamentares e se disponibilizaram a ajudar.
A Comissão Especial foi instalada pouco antes do início do recesso parlamentar, no dia 13 de julho, após resistência de alguns deputados, que demoraram para indicar os nomes para compor o grupo. Até agora, só houve a reunião destinada à instalação do colegiado. O próximo encontro será na próxima terça, 2, às 14h30. A reunião será feita para a apresentação do roteiro de trabalho pelo relator; eleição do segundo e terceiro vice-presidentes; e deliberação de requerimentos apresentados até as 18 horas de segunda, 1º. Entre os 17 requerimentos já protocolados, também há convites para nomes como o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa..