Duas pessoas foram ouvidas em Varginha (Sul de Minas) na Operação Hashtag, deflagrada pela Polícia Federal na quinta-feira, para investigar suspeitos de articular ataques terroristas no Brasil durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. Ao todo, foram presos 10 suspeitos na operação, levados para Campo Grande (MS).
As duas pessoas de Varginha (que seriam um casal) foram alvo de um mandado de busca e apreensão e foram liberadas duas horas após depoimento prestado à PF. Os dois investigados pertencem à Sociedade Islâmica de Varginha. Eles negaram a qualquer ligação com grupos terroristas.
O líder da entidade, sheik Omar Rodio, nega qualquer relação com o terrorismo e disse acreditar que a ação do governo brasileiro, por intermédio da PF, só vai aumentar o acirramento dos ânimos e o preconceito contra muçulmanos no país.
Leia Mais
PF, Defesa e Abin propõem criação de comitê contra terrorismo na OlimpíadaInvestigação da PF sobre terrorismo no Brasil envolve até ONGPrisão de suspeitos de terrorismo no Brasil ganha repercussão internacional Oito suspeitos de ligação com terrorismo viram réus na Justiça FederalCriada há quatro anos, a Sociedade Islâmica de Varginha tem sua sede em uma mesquita no Centro da cidade, onde são ministradas palestras pelo seu líder sobre o Islã. A comunidade conta com 35 integrantes, entre os quais os dois investigados, que tiveram os nomes preservados.
Omar Rodio disse que a entidade prega a paz e que não faz nenhuma alusão ao terror.
Ele afirmou que não existiam provas ou indícios contra os investigados em Varginha e que a operação da PF causou constrangimento aos frequentadores da mesquita local. “As pessoas da comunidade ficaram chateadas, pois não há nada de errado e sofreram buscas e foram tratadas como bandidas. Fomos procurados não porque somos terroristas, mas apenas porque somos muçulmanos”, afirmou Omar Rodio. “A sensação foi que a Polícia Federal e o governo saíram atirando para todos os lados, sem medo de acertar ninguém”, protestou.
O líder da sociedade islâmica salientou que a comunidade muçulmana no Brasil é alvo de preconceito e que já houve ataques contra mesquitas no país – em Brasília e SP. Relatou que, principalmente, após os episódios violentos na Síria e as ações e os ataques do grupo terrorista do Estado Islâmico em países da Europa (Bélgica, Turquia e França), os muçulmanos passaram a ser vítimas de preconceito religioso e de atitudes hostis por parte de membros de outras religiões que desconhecem as pregações do profeta Maomé e do Alcorão. Em Varginha, uma integrante da comunidade islâmica chegou ser xingada na rua de “mulher-bomba”.
Omar Rodio também criticou a lei antirretorismo que, segundo ele, afronta o estado de liberdade de direito. “Esta lei contraria, por exemplo, a liberdade ao culto religioso. Ela também contraria a liberdade de expressão. Ela prevê que uma pessoa pode ser presa por pensar em cometer um crime. Como a pessoa pode ser considerada criminosa somente por pensar?”, questiona..