O presidente em exercício, Michel Temer, foi "pego de surpresa" com a renúncia de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, segundo o líder do governo na Casa, deputado André Moura. "Eu fui pego de surpresa, ele disse que não sabia, fomos pegos de surpresa", disse o líder, após se reunir com o presidente, na tarde desta quinta-feira, no Planalto.
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Líder do governo na Câmara vai convocar reunião para discutir sucessão de CunhaCom mais de 10 candidatos, sucessão de Cunha promete ser turbulenta e acirradaApós renúncia, processos contra Cunha devem passar para Segunda Turma do STFCunha é o quarto presidente da Câmara a renunciar, o segundo por denúcias de corrupçãoPartidos querem trocar líder do governoTemer enfrenta o maior desafio em dois meses de governoTemer 'tranquiliza' turistas sobre zika e segurança na OlimpíadaRenúncia de Cunha foi decidida de madrugada junto com aliadosEduardo Cunha continua proibido de frequentar a Câmara dos DeputadosEleição de substituto de Cunha será na próxima quinta-feiraTemer está focado em definir a meta fiscal de 2017 e em arrumar a "casa" após a derrota de ontem na Câmara, quando não conseguiu aprovar urgência constitucional do projeto que trata da renegociação das dívidas dos Estados com a União. Por isso, os efeitos concretos da renúncia de Eduardo Cunha da presidência da Câmara ainda precisam ser avaliados, dizem interlocutores do presidente. No momento em que Cunha lia sua carta de renúncia, Temer estava com a equipe econômica para fechar a meta para o déficit do próximo ano.
Interlocutores do presidente afirmam que Temer continua defendendo que o ideal seria uma candidatura única que pudesse unificar a base. "Precisamos ver como será esse processo de transição, se será pacífico, rápido ou não", disse uma fonte. O desejo de Temer, entretanto, é que a crise Cunha seja resolvida o quanto antes para que o governo consiga tocar a sua agenda no Congresso.
Moura afirmou que há, hoje, pelo menos dez nomes cotados para a vaga de Cunha, mas reforçou que a recomendação de Temer é "deixar que a base se entenda". "É óbvio que o ideal é um candidato de consenso, é pra isso que todos nós trabalhamos, mas está cedo para dizer e o presidente não quer se meter.
Questionado se a predileção de Cunha por Rogério Rosso para sucedê-lo ajudava ou atrapalhava o nome dele, Moura disse apenas que Rosso "é um candidato competitivo, tem uma boa situação na Casa, assim como os outros", disse, citando os deputados Beto Mansur (PRB-SP) e Fernando Giacobo (PR-RR).
Para tentar agilizar o processo de sucessão, Moura afirmou que deve se reunir ainda hoje com a base para dar quórum e conseguir começar a contagem das sessões, já que são necessárias cinco datas para a escolha do novo presidente..