Secretário suspeito de relação com a Andrade é exonerado

Brasília, 29 - O secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, Glauco Rogério de Araújo Mendes, foi demitido do cargo nesta terça-feira, 28, após o jornal O Estado de S.
Paulo revelar que uma empresa ligada a ele é suspeita de pagar propinas e lavar dinheiro para a Andrade Gutierrez no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

A portaria de exoneração, assinada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Na segunda-feira, 27, a reportagem havia questionado o governo sobre a situação do secretário e sua ligação com a empresa.

Conforme a portaria, quem vai substituir Mendes é Marlon Carvalho Cambraia, ex-vice-prefeito de Fortaleza (PMDB-CE), aliado do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB-PA).

Mendes foi nomeado secretário da Integração em abril deste ano pela presidente afastada Dilma Rousseff. Com a saída da petista para responder ao processo de impeachment, ele foi mantido no cargo pelo atual ministro Helder Barbalho até segunda. Segundo a assessoria do ministro, o pedido de exoneração do secretário foi enviado ao Palácio do Planalto em 1.º de junho, mas só nesta terça, após o questionamento da reportagem, foi publicado no DOU.

Antes de ser secretário, Mendes ocupou a Coordenação de Obras e a Diretoria de Infraestrutura Hídrica do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão vinculado à pasta, ao qual chegou em outubro de 2012, pela caneta do então ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

Entre 2006 e 2012, a empreiteira repassou ao menos R$ 19,8 milhões para a Arquieng Arquitetura e Engenharia, que está em nome da mãe e da irmã de Mendes. Os dados sobre as transações constam de laudo da Polícia Federal juntado ao inquérito que apura o pagamento de propinas pela Andrade, em troca de contratos no governo federal.

Subcontrato

De acordo com o documento da PF, os recursos transferidos pela Andrade à Arquieng são referentes a obras do governo federal, entre elas a implantação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas, no Ceará, tocado pelo Dnocs.

Nos registros do Dnocs, a Arquieng consta como subcontratada da Andrade para a obra de irrigação. A Lava Jato apura se a empresa efetivamente prestou serviços à empreiteira ou foi usada apenas como "veículo" para a distribuição de propinas. No laudo, a PF lista a empresa entre um grupo de 13 pessoas jurídicas suspeitas de "operacionalizarem pagamentos indevidos e lavagem de capitais".

As quebras de sigilo bancário da Arquieng mostraram que, dos R$ 19,8 milhões recebidos da Andrade entre 2006 e 2012, R$ 775 mil foram repassados à conta pessoal de Mendes.
No entanto, a maior parte dos recursos da empresa (R$ 12,5 milhões) foi paga por meio de saques em espécie ou cheques descontados na boca do caixa.

A reportagem tentou contato com Mendes nesta segunda e terça-feira e não obteve resposta. O Ministério da Integração informou que Mendes não tem despachado nas dependências da pasta, em Brasília, e que não seria possível localizá-lo para falar sobre o laudo da PF. Procurada na segunda-feira, a Andrade informou que não iria se pronunciar. As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo..