"Para devolver otimismo e confiança a diferentes setores da economia é preciso atos concretos e, no meu entendimento, o enfrentamento da crise passa, primeiro, pelo reequilíbrio das contas públicas", disse Ibsen. "Ou ele implementa o ajuste fiscal ou então o destino é o fracasso. Não há espaço financeiro para demagogia, isso foi esgotado."
Ibsen considera que um segundo ponto que inevitavelmente deverá ser enfrentado por Temer é a situação dos estados, que pleiteiam a mudança na base de cálculo da dívida com a União. O desafio, de acordo com o político gaúcho, será justamente conciliar o interesse dos governadores com a necessidade de levar adiante o ajuste fiscal no âmbito federal. "Imagino que não será possível se chegar a uma solução definitiva, mas terá que ser encontrada uma solução de emergência", avaliou.
Ele exaltou o fato de o PMBD gaúcho estar em "sintonia completa" com o PMDB nacional, algo que não ocorria até alguns meses atrás, antes do rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff. O PMDB-RS faz oposição ao PT e, por isso, o diretório estadual do partido não apoiou a coligação com os petistas no âmbito federal. "Nós aqui não conseguimos votar no Michel Temer (nas eleições de 2014, quando estava na chapa com Dilma), lamentando muito isso", disse.
Ele comemorou o fato de que o PMDB gaúcho terá dois representantes na nova composição ministerial: Osmar Terra, na pasta do Desenvolvimento Social e Agrário, e Eliseu Padilha, braço direito de Temer, que comandará a Casa Civil.
Comparação
Ibsen, que hoje é deputado estadual, era presidente da Câmara dos Deputados em 1992 e comandou o processo que culminou na queda do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Ao fazer um paralelo com a situação atual, ele criticou o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter deliberado sobre o rito do processo de afastamento da presidente Dilma.
"Aquele outro rito (de 1992) foi todo decidido pelo Legislativo. Por exemplo, a votação de ontem, do Senado, era desnecessária, porque a Constituição diz que a decisão sobre a admissão do processo é tarefa exclusiva da Câmara", disse, referindo-se à deliberação do Supremo Tribunal Federal (STF) de dezembro do ano passado, que definiu que os senadores teriam poder para rejeitar o processo, mesmo se ele fosse autorizado pelos deputados. "Ao Senado cabe somente instaurar o processo, que é o que fará agora."
Segundo ele, houve uma "hipertrofiada intervenção judicial" no processo. "É normal que o Judiciário faça o controle da legalidade do processo, mas não que estabeleça uma instância que não havia, que é a admissão pelo plenário do Senado", afirmou, ponderando que a mudança não interferiu no resultado..