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Estado de Minas

Às vésperas de uma votação histórica, Dilma apela a Lula para tentar salvar mandato

Enquanto isso, Michel Temer é cada vez mais assediado para a montagem de um eventual governo


postado em 16/04/2016 06:00 / atualizado em 16/04/2016 07:35

Dilma e Temer no Palácio do Planalto em outubro do ano passado: o aliado de primeira hora virou o principal adversário da presidente (foto: EVARISTO SÁ/AFP 5/10/15)
Dilma e Temer no Palácio do Planalto em outubro do ano passado: o aliado de primeira hora virou o principal adversário da presidente (foto: EVARISTO SÁ/AFP 5/10/15)

Principais personagens de uma crise histórica que pode culminar com mais um impeachment no país 24 anos depois do afastamento de Fernando Collor de Mello, a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer e seus respectivos aliados passaram a antevéspera do julgamento na Câmara dando as últimas cartadas para angariar votos. Cada vez mais isolada e acuada, Dilma chegou a cogitar fazer um pronunciamento à nação ontem ou hoje para voltar a denunciar o que chama de golpe contra seu mandato, mas recuou temendo novo desgaste. Mas seu principal articulador e última esperança para evitar a derrota no plenário amanhã, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou mensagem nas redes sociais alertando para a “necessidade de garantir a democracia e não deixar um golpe acontecer”. O isolamento de Dilma contrasta com o assédio a Temer e suas crescentes articulações com líderes partidários para a montagem de seu eventual governo. Diante dos avanços do desembarque das principais legendas da base aliada, o Palácio do Jaburu, sede oficial do vice, virou ponto de romaria dos deputados que buscam se “apresentar” ao eventual futuro presidente.

O Planalto suspendeu o pronunciamento de rádio e TV, gravado ontem de manhã, que Dilma faria à noite para defender seu mandato. A cúpula do governo avalia se divulgará a fala da presidente apenas pelas redes sociais. A decisão de evitar o pronunciamento foi tomada depois que o partido Solidariedade entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a veiculação oficial. A avaliação é de que se a Justiça barrasse, geraria mais um fato negativo para Dilma, tudo o que o governo não quer agora. À noite, a Justiça Federal de Brasília negou o pedido de liminar do Solidariedade.

Mas, ainda na noite de ontem, a juíza Solange Salgado, da 1ª Vara do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, do Distrito Federal, concedeu liminar em ação popular proposta pelo líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), que proibiu Dilma de convocar cadeia nacional de rádio e TV para se pronunciar contra o impeachment. A magistrada justifica sua decisão afirmando que a partir do teor e conteúdo do pronunciamento, “se trata de discurso eminentemente político e pessoal para um espaço destinado aos assuntos institucionais, o que viola o disposto no artigo 37, caput e parágrafo 1º, da Constituição da República”.

‘golpe’


No vídeo divulgado em sua página no Facebook, Lula diz que o impeachment é golpe e que se for aprovado agravará a crise. Afirma ainda que ninguém que não teve a legitimidade do voto conseguirá governar o país e contará com o respeito da população. O ex-presidente fez apelo aos deputados que votarão amanhã. Ele ataca Temer sem citá-lo nominalmente: “Quem trai o compromisso selado nas urnas não vai sustentar acordos feitos nas sombras”. Enquanto isso, Temer segue articulando na contramão do governo. Em conversas com líderes partidários que têm aderido ao impeachment, ele garante que as legendas terão “espaço” num futuro governo.

Segundo relatos, o vice tem tido, no entanto, cautela para não antecipar quais ministérios deverão ser distribuídos. “Ele já tem um desenho formado na cabeça, mas não está tratando disso. Seria muito precipitado”, afirmou Geddel Vieira Lima, primeiro secretário do PMDB e integrante do grupo mais próximo de Temer. Integrantes do partido, que têm frequentado o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice, dizem que têm também orientado Temer a não dar início às negociações antes do desfecho do processo de impeachment no Senado.

ROMARIA Ontem, deputados do PSC lotaram uma van e desembarcaram na residência oficial de Temer para “dar uma palavra de apoio” e fazer uma “oração” pelo peemedebista, já que a maioria é evangélica. “O PSC já fechou 100% a favor do impeachment. Por isso, fomos cumprimentar o Michel e desejar boa sorte”, afirmou o líder do PSC, André Moura (SE). Ele ressaltou que tem frequentado o Palácio ao menos quatro vezes por dia e em todas as ocasiões leva novos integrantes da bancada evangélica para apresentá-los a Temer. “É um gesto de apoio. Fizemos uma oração por ele, pelo Brasil”, afirmou o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP). Tanto Moura quanto Nascimento negam que tenha havido negociação de cargos para a legenda num futuro governo Temer.

Na quinta-feira, Temer foi recepcionado pelo deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) num jantar com mais de 80 deputados. Durante duas horas, entre taças de vinho, uísque, pratos de risoto e massa, ele foi aclamado pelos parlamentares como virtual presidente da República. Um deputado, que pediu para não ser identificado, contou que chegaram a sugerir carregar Temer nos braços, mas foram contidos para evitar exposição desnecessária do vice. “Foi um beija-mão”, relatou um parlamentar.


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