Empresários gritam 'impeachment já' e encerram encontro com hino nacional

Durante a reunião, eles decidiram iniciar uma pressão conjunta para que os deputados e senadores priorizem o impeachment da presidente Dilma Roussef

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial São Paulo, puxou gritos coletivos de "impeachment já" - Foto: Agência Brasil
O encontro de cerca 300 empresários no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi concluído com o cântico do hino nacional completo, entoado, de pé, pelos executivos presentes que carregavam as bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo. O hino deu o tom final a um dia que contou com gritos coletivos de "impeachment já", puxados a pedido do presidente da Associação Comercial São Paulo (ACSP), Alencar Burti.

Durante a reunião, os líderes empresariais presentes decidiram iniciar uma pressão conjunta para que os deputados e senadores priorizem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou que a entidade mudou o seu discurso. Até ontem, a Fiesp exigia a renúncia de Dilma Rousseff. "Mas como a presidente não renunciou nem sinalizou que vai renunciar, nós estamos defendendo o impeachment já", disse.

Foi sugerido por um dos participantes que os empresários mostrassem aos políticos que "estão de olho" nas votações dos parlamentares. Entre as ideias ventiladas no encontro, também foi pedido por outro executivo que os empresários reforcem o lema do "impeachment já" em cartazes em padarias e supermercados, aproveitando que muitos dos executivos no local representam esses segmentos.

Alguns dos participantes, trajados quase unanimemente de ternos e gravatas, seguravam uma miniatura do Pixuleco, boneco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido como presidiário. A "caricatura" do petista também era carregado do lado de fora do prédio da Fiesp, onde centenas de pessoas, vestidas com cores nacionais como verde e amarelo, ou trajadas com o preto "de luto", pediam a saída da presidente Dilma Rousseff.

Skaf afirmou que as associações empresariais presentes no encontro, na verdade, representaram milhares de outras organizações que são vinculadas a elas, citando como exemplo a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), que reúne 421 entidades do comércio. Skaf também afirmou que o grupo de empresários conta com o apoio da sociedade civil.
No entanto, após a reunião, ele foi vaiado pelos manifestantes que ocupam a Av. Paulista, voltando logo em seguida para o prédio da entidade.

Mais cedo, integrantes de movimentos que protestam contra o governo de Dilma Rousseff e são ligados à Fiesp, como o Vem Pra Rua e o Endireita Brasil, almoçaram no prédio da entidade. A assessoria de imprensa da Fiesp negou que eles tenham comido filé mignon, mas sim carne, purê de batata e penne ao sugo. O cardápio, segundo a assessoria, é o mesmo servido para funcionários da Fiesp no refeitório do prédio. Alguns dos integrantes dos movimentos, inclusive, participaram da reunião com empresários que ocorreu nesta tarde.

PMDB

Em entrevista à reportagem, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Edson Campagnolo, sinalizou apoio a um possível governo de Michel Temer (PMDB), atual vice-presidente da República, no caso de um impeachment da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

"Quando olhamos para frente, não conseguimos enxergar uma luz no final do túnel, mas nós temos um vice-presidente, que na ordem constitucional deve receber esse posto da presidência", afirmou o executivo após encontro na Fiesp. O executivo minimizou o possível impacto de denúncias sobre um eventual mandato de Temer como presidente.

"Sabemos que algumas vezes termina um governo, uma prefeitura ou uma legislação, e aquele que foi 'impedido' de tomar posse toma posse por meios dentro da legalidade e leva o mandato até o fim. Daqui a pouco, isso pode acontecer com Michel Temer", acrescenta.

O descolamento entre PT e PMDB deve acontecer antes do esperado. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou acreditar que o PMDB deverá decidir pelo desembarque do governo antes do prazo de 30 dias definido na convenção do último sábado. "Já deveria ter desembarcado", disse o empresário, que é filiado ao PMDB e foi candidato a governador de São Paulo em 2014..