Ele viu arrogância na reação de Lula à ação da PF. "Ele não foi preso, agredido. Ele se julga acima da lei.
"Não torço pelo impeachment. Não temos uma liderança com prestígio nacional, de plena confiança, capaz de empunhar o poder nesse momento de tantos problemas e dificuldades. O único poder único que está funcionando é o Judiciário, e não é possível sustentar um país sem um governo. Se fosse em outra época, haveria um golpe militar, mas felizmente isso não vai acontecer".
O cientista político Luiz Werneck Vianna lembrou que foi a primeira vez no Brasil em que um ex-presidente foi submetido a uma condução coercitiva para depor, e apontou o peso simbólico dessa medida. "A crise já está num ponto crítico há algum tempo, não desata, é crônica. Todo dia é mesma agonia. As autoridades judiciárias envolvidas acharam que era necessária essa condução porque tem fatos, um sítio em Atibaia, um tríplex, empresários que o cercavam recebendo benefícios. Essa relação espúria entre público e privado é o fato maior", afirmou o pesquisador.
Autor de livros como Democracia e os três poderes no Brasil e A judicialização da política e das relações sociais no Brasil, doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo, ele não vê a possibilidade de impeachment na atual conjuntura, apesar da agravamento da crise política. "Vai ter maioria no parlamento? Vai ter maioria nas ruas pedindo impeachment? Não. Então a presidente fica, e nós ficamos imersos."
Werneck Vianna considera que a figura de Lula não passará incólume à história. "Ele continua tão relevante quanto antes, tem voto, tem partido, foi presidente duas vezes. Mas há fatos a serem apurados, muito dinheiro envolvido, então tem que apurar o que foi feito com esse dinheiro", defendeu.