Coluna do Baptista Chagas de Almeida

- Foto: Arte/Soraia Piva

A mui amiga do ex-presidente Lula

Em meio a uma coleção de nomes, até para não parecer perseguição colocá-lo em primeiro, o delegado Marlon Cajado pôs no papel e informou em ofício à Justiça Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos investigados em inquérito da Operação Zelotes da Polícia Federal. Antes, Lula havia sido convocado para depor, mas como testemunha. Agora, a situação mudou de figura.

Indicada como testemunha de defesa do lobista Eduardo Valadão, acusado de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e extorsão, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi lacônica em sua resposta à Justiça Federal e procurou se afastar do caso. Ela comunicou que não tinha nenhuma “informação ou declaração a prestar”, referindo-se aos fatos investigados pela Operação Zelotes sobre suposta compra de medidas provisórias durante os governos petistas.

Mui amiga. Basta fazer a tradução simultânea. Nenhuma “informação ou declaração a prestar”. Dilma se poupou, mas não faz nenhuma menção em defesa de seu mentor político. Lula que se vire por lá.

E, no ofício enviado ao juiz responsável pelo caso, a Presidência da República ainda pediu que Dilma fosse dispensada de depor na ação.

Em Uberlândia, eram apenas 30 manifestantes que pediam o impeachment. Mesmo assim, a Polícia Militar montou barreira para im
pedir que eles se aproximassem da presidente. Pedindo união, Dilma discursou: “Estamos trabalhando para que 2016 seja um ano de retomada. O ano passado foi muito difícil”. Acrescentou: “Uma crise é muito dolorosa para ser desperdiçada”. E depois mudou de assunto para falar sobre o combate ao mosquito-da -dengue.

A retomada da presidente já começou. Mal, com o cancelamento da construção de, pelo menos, 1 mil unidades do programa Minha casa, minha vida. É, quem sabe tenha mais sorte com a dengue.

O lugar certo
O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, participou ontem da 189ª Reunião Plenária da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Trata-se de instância colegiada multidisciplinar, criada em 2005, para prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao governo federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança. Em especial a relativa a organismos geneticamente modificados. Mas o melhor ainda estava por vir. Já que se tratava de “biossegurança”, o local escolhido foi a sede a Polícia Rodoviária Federal, no Setor Policial Sul de Brasília. Isso é que ter biossegurança.

Faca afiada
Prefeituras de várias cidades de Minas suspenderam o carnaval de rua por falta de segurança.
A última a anunciar foi a de Perdões. O deputado estadual João Leite (PSDB) integrante da Comissão de Segurança Pública comentou que acha um absurdo o poder paralelo impedir a tradicional festa. “Tudo isso, porque os investimentos na Polícia Civil caíram 86,89% em 2015, quando comparados com 2014. O custeio da Polícia Militar sofreu um corte de R$ 98,3 milhões em 2015, queda de 26,12% em relação a 2014”, avalia o deputado.

Ferrinho de dentista
O deputado Fábio Ramalho (PMB-MG) foi o único a conseguir falar com a presidente Dilma Rousseff antes da cerimônia de abertura dos trabalhos do Congresso. O parlamentar pediu à presidente para voltar os olhos para o estado em que nasceu e em que ganhou majoritariamente. “Cobrei da presidente: volte os olhares para Minas Gerais! Não se faz nada para que a BR-381 deixe de ser conhecida como a Rodovia da Morte, as obras de duplicação estão praticamente paradas. E o metrô de Belo Horizonte? A ampliação do metrô de BH é uma das obras mais aguardadas pela população nas últimas décadas. E em Salvador as obras estão a todo vapor.” Fabinho Liderança promete cobrança sistemática a partir de agora.

"A crise do Estado brasileiro faz com que o país viva momentos de desesperança. Portanto, este quadro atual é um quadro negativo, sinistro, que não nos faz alimentar a esperança. Oxalá nos permita este ano de 2016 que essas esperanças sejam renovadas"
Do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), ontem, da tribuna, ao falar sobre a falta de planejamento e o despreparo do governo com a resistência a medidas que poderiam dar mais dinamismo à administração pública, como a premiação dos servidores de melhor desempenho.

Manual de segurança
O site da Agência Minas do governo do estado traz, em algumas de suas principais notícias, um verdadeiro manual de segurança para este carnaval.
Quer exemplos? Vamos lá: “Polícia Rodoviária lista trechos de rodovias que mais exigem cuidado no feriado”. Quer mais? “DER/MG vai fiscalizar todo tipo de veículo durante os dias de carnaval”. E, como não poderia faltar um alerta sobre a dengue e as outras doenças, é claro que teria de estar lá: “Cuidados para evitar proliferação do Aedes aegypti devem ser reforçados durante o carnaval”.

PINGAFOGO

O senador Paulo Paim (PT-RS) não perde a caminhada. Ou melhor, não perde o voo. Ele fez questão de apoiar a paralisação de aeroviários e aeronautas, que querem reajuste salarial. Menos mal que eles prometem interromper o movimento durante o carnaval.

O senador Álvaro Dias (PR) comunicou sua desfiliação do PSDB e seu ingresso no PV. O senador Ricardo Ferraço (ES) também comunicou sua saída do PMDB, sem indicar nova filiação. Ambas comunicações foram lidas pela senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidia a sessão.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que o sistema eleitoral brasileiro foi capturado pelo financiamento ilegal e viciado das campanhas em troca de favores oficiais dos governo depois.

Alguém tem dúvida que a OCDE está completamente cheia de razão? Tem. Os próprios políticos, já que a cara não queima na hora de pedir os “favores” políticos, para não dizer propinas ou outras palavras mais fortes.

O tempo esquentou ontem na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa. O deputado Rogério Correia (PT) perdeu o controle, quando Carlos Pimenta (PDT) lembrou que a Lei 100, no governo Aécio Neves (PSDB), foi votada com aprovação de 62 deputados sem nenhum contra.

“Culpar os governos passados é conversa fiada”, ressaltou Pimenta. Correia não gostou nada, nada, do argumento e abriu a metralhadora giratória culpando o senador por tudo.

 

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