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Estado de Minas

Relembre cartas que se destacaram na trajetória política do país

Mensagens escritas por Getúlio Vargas, Jânio Quadros e Princesa Isabel marcam a história do país


postado em 03/01/2016 07:00 / atualizado em 03/01/2016 09:03

Em meio a WhatsApp, Twitter, Facebook e outras tantas tecnologias para se comunicar, uma carta deu no que falar em 2015. A mensagem, escrita de próprio punho pelo vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e endereçada à presidente Dilma Rousseff (PT), estremeceu as relações no Palácio do Planalto. Nela, o vice-presidente elencou episódios que mostravam a “desconfiança” que o governo teria em relação a ele. A carta chorosa de Temer rendeu mal-estar no governo e acabou virando piada. Mas há registros escritos por governantes e personagens ilustres de nossa história que marcaram e até mudaram a trajetória do Brasil. Afinal, como o próprio Temer escreveu, “verba volant, scripta manent”, que, em latim, significa “as palavras voam, os escritos permanecem”.

 

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodução)

DESCOBERTA
Os primeiros relatos de um novo país

É justamente uma carta que marca o início da história escrita brasileira pós-descobrimento pelos portugueses. No documento, datado de 1º de maio de 1500, Pero Vaz de Caminha relata ao rei de Portugal, dom Manuel I, detalhes sobre as terras encontradas em 21 de abril, na expedição às Índias comandada por Pedro Álvares Cabral. Pero Vaz de Caminha era o escrivão da frota de Cabral.


“E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra. (...) Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! (...); ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!”, escreve.


Na carta, o escrivão descreve também o clima, relevo e vegetação, relata ainda não ser possível saber sobre a existência de metais preciosos nas novas terras e conta sobre o contato com os índios. “A pele deles é parda e um pouco avermelhada. Têm rostos e narizes bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam em cobrir ou deixar de cobrir suas vergonhas mais do que se  preocupariam em mostrar o rosto”, detalha.


Na história postal do país, organizada pelos Correios, há outro fato curioso. A nau de Gaspar de Lemos, que transportou a carta de Pero Vaz de Caminha, levava também outra correspondência importante, a de mestre João Faras, primeiro documento científico sobre o país.

 

 

(foto: Antonio Luiz Ferreira/Reprodução )
(foto: Antonio Luiz Ferreira/Reprodução )

ALFORRIA
O legado deixado pela Princesa Isabel

Por uma carta, mais especificamente uma carta de lei, a Princesa Isabel, em 1888, extinguiu a escravidão do Brasil. O documento, escrito com caligrafia rebuscada, brasão imperial e tinta em tons de preto, azul, vermelho e dourado, ficou conhecido como Lei Áurea. Após assinar o texto, a princesa foi saudada por multidão em frente ao Paço Imperial, no Centro do Rio de Janeiro (foto). “A princesa imperial, regente em nome de sua majestade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do império, que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: Artigo 1º – É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Artigo 2º – Revogam-se as disposições em contrário”, informa.

 

SUICÍDIO
Mistérios cercam o adeus de Getúlio Vargas

“Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.” A frase célebre está em uma das cartas que o ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954) deixou antes de cometer suicídio, em 24 de agosto de 1954. Os registros, um manuscrito e outro datilografado, explicam as razões que o motivaram a se matar com um tiro no peito. Depois de governar o país entre 1930 e 1945, Vargas retornou em 1951 sob forte pressão da oposição e da imprensa, que o criticavam pelo seu perfil nacionalista e populista.


Curiosamente, há suspeitas de que a mais famosa delas, a datilografada, em que consta a frase acima, tenha sido apenas assinada por Vargas, mas escrita por seu redator e amigo José Soares Maciel Filho. Nela, é feito um balanço do governo, as ações de Getúlio em prol da pátria e sua luta pelo país. “Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida”, diz.


A outra carta, manuscrita, tem tom mais ressentido, de quem se rendeu aos inimigos. “Levo o pesar de não haver podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia”, aponta Vargas, que torce para que “o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus”. E o ex-presidente finaliza: “A resposta do povo virá mais tarde...”

 

 

(foto: Ronaldo Moraes/O Cruzeiro/EM)
(foto: Ronaldo Moraes/O Cruzeiro/EM)

RENÚNCIA
A melancólica despedida de Jânio Quadros

Getúlio Vargas está longe de ser o único presidente a usar cartas para justificar ou tomar decisões. O ex-presidente do Brasil Jânio Quadros (1917-1992) usou o recurso para anunciar sua renúncia, depois de sete meses no comando do país. “Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores”, escreveu.


Jânio desagradou à sua base aliada ao impor austeridade na política econômica e, na política externa, se aproximar de países socialistas. Em 25 de agosto de 1961, rendeu-se à pressão de elites conservadoras e militares e renunciou. Ao sair, foi aclamado pelo povo nas ruas (foto). “Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria.”


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