Brasília - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou ontem uma mensagem de fim de ano em que cobra ousadia na condução da política econômica e ataca a perspectiva de alta da taxa de juros em janeiro. Intitulado “Uma nova e ousada política econômica para 2016”, o texto diz que o governo da presidente Dilma Rousseff “precisa se concentrar na construção de uma pauta econômica que devolva à população a confiança perdida após a frustração de seus primeiros atos”. A divulgação da mensagem causou irritação no Palácio do Planalto e contrariou a nova equipe econômica num momento em que o governo teme perda de credibilidade com a troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no comando da Fazenda. Ministros e assessores presidenciais disseram que a cobrança do petista não foi bem recebida por Dilma, que, desde a saída de Levy, se esforça para afastar a hipótese de o governo abandonar o ajuste fiscal.
Dilma não está disposta a dar uma guinada na política econômica, como quer a cúpula do PT.
Nessa segunda, um assessor palaciano afirmou que ouviu dela mesma que “é uma ilusão” alguém achar que a chegada de Barbosa ao governo significa abandonar a perseguição ao equilíbrio fiscal. “Não haverá guinada à esquerda”, avisou. “Não adianta fazer pressão. A presidente não vai ceder”, prosseguiu o interlocutor, ao explicar que o que muda com a saída de Joaquim Levy e a entrada de Barbosa é apenas a gradação do aperto e a forma de fazê-lo.
Sem surpresa
As críticas pela manutenção do discurso de Levy já eram esperadas pelo próprio Barbosa, que chegou a conversar sobre isso com a presidente. O que muda, na verdade, é apenas a unidade no PT inclusive de discurso, da equipe econômica, já que Barbosa é mais alinhado e tem o seu tom mais afinado com o de Dilma. “Mas não há nenhuma receptividade à mudança de rumos”, insistiu o interlocutor. Este afinamento de discurso voltou a ser tratado ontem, em reunião de Dilma com vários ministros, no Alvorada. Apesar de não se abalar com as críticas dos petistas, Dilma não gostou da fala de Falcão, que diz que houve ‘frustração’ com atos do governo e foi enfático ao pedir mudanças na política econômica do governo. Gostou menos ainda de o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ter atacado duramente as reformas previdenciárias e trabalhistas que são consideradas fundamentais e inevitáveis pelo Planalto. A presidente acha que estes ataques “não ajudam” neste momento de rearranjo do país, quando seria importante ter o apoio de seu partido.
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