Jornal Estado de Minas

Líder do governo na Câmara diz que impeachment não é mais a pauta principal

Brasília, 21 - O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), fez um balanço do ano legislativo na tarde desta segunda-feira, 21, e disse que a ideia do impeachment da presidente Dilma Rousseff "está se esvaziando" e que não é mais a pauta principal do País porque a percepção da sociedade mudou. "O discurso da oposição está se esvaziando", afirmou.

Para Guimarães, o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou ordem no rito do impeachment e agora não cabe à oposição apresentar projeto para permitir a inscrição de chapa avulsa na escolha da comissão especial do impeachment. Em sua opinião, "vozes do além" alimentam a instabilidade política no País. "Ninguém muda a regra do jogo com o jogo sendo jogado", declarou.

O petista disse que o governo não vai se intrometer na questão do pedido de afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para ele, o assunto está agora nas mãos do STF. "Se vai afastar ou não, é um problema do STF", tergiversou.

Apesar da crise com o PMDB, Guimarães disse que o governo conta com o apoio dos peemedebistas e espera que a situação interna se estabilize. Ele afirmou esperar que os problemas do partido se resolvam, assim como as diferenças entre a presidente Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer. "Já já o PMDB se estabiliza", previu.

Questionado sobre os impactos da Operação Lava Jato no PT, o vice-presidente nacional da legenda admitiu que as investigações trouxeram consequências para o partido, mas disse ser difícil avaliar o "estrago" da apuração policial.

Ele defendeu que todos os partidos passem por uma "purificação" após a Lava Jato.

Barbosa

Num discurso otimista, Guimarães disse que, a despeito das crises, o Parlamento teve um ano de "muita produção legislativa". No campo econômico, o petista disse esperar que o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, "pilote" a economia brasileira concluindo o pacote do ajuste fiscal e retomando o crescimento. "Não tem como 2016 ser pior", declarou.

Guimarães defendeu que o governo seja capaz de tomar medidas para reaquecer a economia e defendeu a "virada de página" do ajuste fiscal. "Ajuste pelo ajuste não mais. (Agora) é ajuste para retomar o crescimento", disse.

Na avaliação de Guimarães, falta mais Estado na retomada do crédito e é preciso que o governo estabilize o ambiente de negócios. Ele pregou esforços para investimento no setor público e no privado, além de medidas para o setor produtivo voltar a crescer. "O setor financeiro não perdeu nada com a crise.
Agora ganhos têm de ser destinados à produção", defendeu. Guimarães ressaltou que não haverá retomada do crescimento "se ficarmos só na agenda do ajuste".

Mostrando divergência com o estilo Joaquim Levy, Guimarães disse que a Fazenda precisa agora liberar os empréstimos dos Estados. Apesar de dizer que Levy foi uma figura importante no primeiro ano do segundo mandato, o líder afirmou que, com Barbosa, "não tem guinada à esquerda, tem guinada para a volta do crescimento".

O petista insistiu na tese de que 2015 não foi um ano perdido porque matérias importantes foram votadas. "Tiramos leite de pedra", afirmou. Ele ressaltou que quase 90% das medidas do ajuste fiscal foram votadas e comemorou o fato de os vetos presidenciais "mais emblemáticos" não terem sido derrubados.

Para o próximo ano, o líder do governo defende a retomada da discussão sobre a reforma da Previdência e o retorno da CPMF em um debate com "menos preconceito". Ele espera que a Desvinculação das Receitas da União (DRU) seja votada também em 2016..