São Paulo, 26 - O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), disse nesta quinta-feira, 26, que, se o governo e o Congresso Nacional não derem uma resposta efetiva aos problemas que o País está enfrentando, sobretudo na área econômica, há o risco de perder também o ano de 2016. "É preciso muito mais do que um ajuste fiscal, não se pode inviabilizar a atividade produtiva no Brasil. O País perdeu o ano de 2015 e do jeito que estamos indo, sem respostas do governo federal e do Congresso Nacional, poderemos perder também 2016", disse o governador, em entrevista à reportagem.
Coutinho, que esteve hoje no Grupo Estado, defendeu a CPMF como instrumento para equacionar a necessidade de receitas para a área da saúde, que no seu entender é uma das maiores prioridades da sociedade. "Sou contra aumentar impostos, mas há males que são necessários e vivemos um momento grave", disse, numa referência às finanças dos Estados, cada vez mais endividados e sem fonte de recursos para cobrir suas despesas. Ele citou que, na Paraíba, dobrou o número de leitos das UTIs sem recursos do SUS e aumentou em mais de 50% os leitos regulares. Com relação às finanças do Estado, a média de crescimento do PIB paraibano era de cerca de 10% ao ano. Este ano, com a crise, ele avalia que o crescimento não passará dos 3%.
Além dos desafios econômicos, a Paraíba enfrenta o problema da microcefalia - é o segundo Estado do País a registrar o maior número de casos de bebês nascidos com malformação do cérebro, atrás de Pernambuco. Coutinho criticou o que classifica de "falta de visão social e sensibilidade" da equipe econômica do governo da presidente Dilma Rousseff que, segundo ele, fechou as torneiras dos recursos para áreas emergenciais, como a saúde, reduzindo os agentes e cortando verba para o combate ao mosquito Aedes aegypti, por exemplo.
Delcídio
Ao comentar a prisão do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), o governador da Paraíba disse que o Brasil nunca passou por um momento tão conturbado quanto o atual. E alertou que isso poderá devolver novamente à estaca zero os esforços empreendidos para a aprovação das medidas de ajuste fiscal. "É preciso tirar o foco político/policial, infelizmente a política hoje virou um grande desalento", disse. Ele defende que, a despeito do atual cenário, é preciso que os congressistas deem uma resposta eficiente à sociedade, votando medidas que possam recolocar o País novamente no eixo do desenvolvimento.
A respeito do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também investigado no âmbito da Operação Lava Jato e com indícios de contas bancárias irregulares na Suíça, Ricardo Coutinho afirma que sua situação é "insustentável". O governador criticou as manobras feitas pelo peemedebista para tentar continuar no comando da Casa legislativa, dizendo que isso só aprofunda a atual crise. "Ele (Cunha) não demonstra piedade pelo País".
Governadores
Ricardo Coutinho participou, ontem, 25, de um encontro com outros 14 governadores e lideranças do setor privado do Movimento Brasil Competitivo (MBC), em São Paulo, para discutir uma espécie de pacto social pela reforma do Estado e a elaboração de propostas que possam ser encaminhadas ao governo federal e ao Congresso Nacional com o objetivo de equacionar o atual cenário de crise.
Para o governador da Paraíba, o Brasil precisa de estabilidade.