Jornal Estado de Minas

Oposição agora quer obstruir sessões presididas por Eduardo Cunha

Brasília – Agora declaradamente contrários ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e protagonistas da rebelião contra o peemedebista na quinta-feira passada, partidos de oposição pretendem articular na próxima semana a obstrução das votações em todas as sessões presididas pelo parlamentar. Assim como na última sessão, a manobra pode ganhar apoio de partidos da base aliada que, no entanto, analisam se a estratégia oposicionista não é também uma tentativa de impedir a votação de pautas do governo.

Os líderes da oposição têm reunião marcada para esta terça-feira A ideia é articular uma ação que reúna ao menos PSDB, DEM e PPS, que, juntos, têm 85 deputados. Partidos autodeclarados independentes, como Rede Sustentabilidade, PSOL e PSB – 43 deputados – foram os primeiros a defender a tese de não marcar presença em plenário. Os oposicionistas entendem que atitudes isoladas em plenário não surtirão efeito.

As manifestações contra Eduardo Cunha ganharam força no plenário na quinta-feira, quando, pela primeira vez desde que assumiu a presidência da Câmara, em fevereiro deste ano, ele perdeu o controle sobre os parlamentares. Deputados de vários partidos ignoraram o peemedebista e criticaram a manobra adotada pouco antes, quando anulou a sessão do Conselho de Ética para leitura do parecer preliminar pelo seguimento do processo de cassação contra ele por quebra de decoro.

Cunha é acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar a existência de contas no exterior e de usar o cargo em benefício próprio. As deputadas Luíza Erundina (PSB-SP) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foram as primeiras a apelar para que seus pares deixassem o plenário em protesto. Mas foi após o discurso de Mara Gabrilli (PSDB-SP), que pediu para Cunha se “levantar” da cadeira da presidência, que os deputados esvaziaram o plenário. Vice-líder do PSDB, Daniel Coelho (PE) disse ter conversado com membros da bancada, que concordaram com a obstrução das votações.
“A Câmara, do jeito que está, não tem condições de deliberar sobre coisas importantes”, afirmou.

GOVERNISTAS A rebelião foi bem-sucedida porque houve adesão de governistas, mas agora não há certeza de que haverá a mesma mobilização. “Com 20 deputados, não se obstrui nada na Casa”, lembrou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE). Não se sabe, por exemplo, se os petistas que engrossaram o coro de “fora, Cunha” estarão dispostos a não votar matérias de interesse do governo. “Não sei se a oposição faz isso só por causa de Eduardo Cunha ou se é para obstruir projetos do governo. Vamos ter que analisar a manobra também”, disse Jandira, líder do PCdoB..