Jornal Estado de Minas

Audiências de custódia reduzem prisão sem motivo

Em Belo Horizonte, as audiências de custódia para evitar prisões provisórias, foram instauradas no dia 12 de agosto. De acordo com a Defensoria Pública de Minas Gerais, que presta assistência jurídica gratuita para a população carente, além de evitar a prisão sem motivos, elas têm ajudado a detectar violência policial. Segundo o defensor público Fernando Luís Camargos Araújo, coordenador regional da área criminal da capital, elas têm reduzido em cerca de 40% as prisões e constatado violência policial em metade dos casos. “Como o sistema prisional mineiro está superlotado, isso ajuda a desafogar um pouco”, disse Fernando Luís, defensor de penas alternativas para evitar a superlotação nos presídios.

Quem acompanha as audiências de custódia, que têm ocorrido no Forum Lafayette, na capital, inclusive aos sábados e domingos, é a defensora pública Karina Maldonado. “As audiências de custódia são uma medida de garantia, prevista em tratados internacionais, para coibir abuso ou violência e para evitar prisões desnecessárias. O ideal é que elas fossem feitas em todo o estado, mas por enquanto estão funcionando apenas na capital.”

O entrave, segundo ele, tem acontecido no fluxo de presos. É que, depois de ser detido em flagrante, geralmente pela Polícia Militar, o preso tem de ser encaminhado para uma delegacia para o registro da prisão e depois tem de dar entrada em um presídio, onde ele é registrado e ganha um número, e depois encaminhado para a audiência de custódia. Tudo isso tem de ser feito em 24h.
Como o Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) da Gameleira, em Belo Horizonte, está lotado, os presos são levados para o Ceresp em Contagem, na região metropolitana, para depois voltar para a capital. “Alguns presos têm sido levados, outros não. Já aconteceu de fazermos a audiência sem a presença do preso.” Mas, de acordo com ela, a Secretaria de Defesa Social (Seds) já foi comunicada do problema e tem se esforçado para solucioná-lo.

Karina conta que a maioria dos presos é levada para as audiências por causa de pequenos furtos, cuja pena geralmente é cumprida em regime aberto ou semiaberto. E quase a totalidade deles são usuários de drogas, afirma a defensora. “Se o encarceramento fosse a solução para a violência e a criminalidade, o Brasil não teria nenhum problema desse tipo. Afinal, somos um dos países com as maiores populações carcerárias do mundo.
E o que isso tem adiantado?”, questiona Karina..