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Estudo publicado pela União Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) sobre a CPMF aponta que, no período de 1997, quando a contribuição voltou a ser criada, até 2006, do montante de R$ 185,9 bilhões arrecadados com o imposto cerca de 18%, ou seja, R$ 33,5 bilhões foram desviados da finalidade original. É que a legislação permite que o governo invista até 20% da arrecadação em áreas diferentes das determinadas pela Constituição, como educação, saúde e seguridade social.
Um projeto nesse sentido já está em tramitação. A própria presidente Dilma Rousseff, em entrevista concedida a um programa de entretenimento, em 2011, chegou a classificar o imposto de engodo por ter sido criado para um fim, na época para financiar a saúde, e acabou tendo destinação diversa. “A CPMF é um engodo, porque foi feita para ser uma coisa e virou outra”, disse a presidenta na época.
O estudo também destaca que a CPMF pesa sobre o consumo, setor da economia que arca com a maior parte dos tributos no Brasil, ou seja, 54,15% dos impostos arrecadados pela Receita Federal em 2007, último ano da CPMF. Segundo o vice-presidente da Unafisco, Kleber Cabral, engana-se quem pensa que a CPMF é um imposto justo. “A CPMF infiltra em toda cadeia produtiva de bens e serviços e sua carga tributária acaba recaindo sobre os consumidores de menor renda”. Ele compara a CPMF a um grande rio, irrigado por centenas de pequenos riachos.
Autor do estudo para a Unafisco sobre a CPMF, o economista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor em política social pela Universidade de Brasília (UnB), Evilásio Salvador também defende a criação de faixas para a CPMF, que ela recaia apenas sobre pessoas jurídicas e que tenha uma alíquota menor. Segundo ele, essas medidas ajudariam a amenizar o impacto da contribuição sobre o consumo que acaba no fim impactando quem ganha menos.
Uma das preocupações de Salvador é que a contribuição termine tendo fim diverso, como aconteceu no passado, e que acabe não aumentando o orçamento da Previdência e, sim, substituindo uma fonte já existente de financiamento. De acordo com ele, vários estudos indicam que a CPMF nunca representou um centavo a mais para a saúde. “O que foi feito foi substituir a fonte de financiamento da saúde pelos recursos da CPMF.” Da mesma forma, para o professor, o ideal mesmo seria aumentar a taxação sobre renda e patrimônio.
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