Porto Alegre, 18 - Poucas horas depois de o funcionalismo público estadual aprovar uma greve generalizada de três dias, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), fez um apelo para os servidores não paralisarem as atividades "para o bem da sociedade gaúcha". Em um breve pronunciamento no fim da tarde no Palácio Piratini, ele também disse que aqueles que aderirem à greve terão os dias não trabalhados descontados.
Em uma assembleia unificada na tarde desta terça-feira, 18, mais de 40 entidades representativas do funcionalismo estadual deram o sinal verde para a greve que começa nesta quarta-feira e deve abranger áreas como educação, saúde e segurança. Os funcionários públicos protestam contra o parcelamento dos salários e os projetos de ajuste fiscal encaminhados pelo governo gaúcho à Assembleia Legislativa para combater a crise financeira do Estado - se aprovados, alguns projetos terão como consequência a redução de benefícios dos servidores. De acordo com a estimativa da Brigada Militar, a mobilização de hoje no centro da capital gaúcha reuniu cerca de 30 mil pessoas. O ato terminou com uma marcha que terminou na Praça Marechal Deodoro, ou Praça da Matriz, em frente à sede do Executivo e do Poder Legislativo.
Sartori falou à imprensa no Palácio Piratini quando os manifestantes já haviam dispersado. Visivelmente irritado, ele lembrou que o Executivo vem "cortando da própria carne" ao promover o ajuste fiscal e que sempre manteve a porta aberta aos servidores para o diálogo. Também destacou que, desde o início de sua gestão, em janeiro, tem feito todo o esforço possível para manter os salários em dia, o que o levou a atrasar a parcela da dívida com a União. "Consideramos a manifestação de hoje democrática, mesmo que possamos entender diferente até porque as razões não existiam tendo em vista que os salários foram pagos", falou.
Ao dizer que considera não haver motivo para uma paralisação da natureza da aprovada nesta terça-feira, o governador fez um apelo. "Solicito a todos os servidores do Rio Grande, a todos os que participam deste momento e desta ocasião, que pelo bem da sociedade gaúcha e pelo povo não paralisem suas atividades. Acho que a sociedade gaúcha merece, sabe o esforço que estamos fazendo. Esta crise não começou agora, vem de longo tempo e não foi agora criada em sete meses e meio", afirmou, completando que momentos de crise exigem "solidariedade de todos". Ele explicou que aqueles que optarem pela greve terão os dias de paralisação descontados. "Já disse aos secretários que presença é presença e falta e falta e vamos descontar dias parados", indicou.
Sartori também sinalizou que o Executivo não deve recuar nos projetos apresentados ao Legislativo até aqui e que são alvo de críticas entre o funcionalismo.