Jornal Estado de Minas

PSDB quer dosar proximidade com Eduardo Cunha na volta do recesso

De Brasília, 04 - A cúpula do PSDB quer dosar na volta do recesso parlamentar o grau de proximidade a ser estabelecido com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), neste semestre que deve ser decisivo para o futuro da presidente Dilma Rousseff.

A avaliação foi feita nesta terça-feira, 4, por tucanos depois que Cunha e representantes de oposição no Congresso articularam uma manobra para tentar assegurar a votação de um processo de impedimento contra a presidente Dilma.

A reportagem apurou que há um entendimento de parte da cúpula do PSDB de que antes de fechar qualquer acordo com o presidente da Câmara é preciso aguardar as manifestações do próximo dia 16 e os possíveis desgastes do governo com os desdobramentos da crise econômica. Há o receio de que embarcar num projeto de impeachment, sem ter um verdadeiro "termômetro social", pode acabar abrindo caminho para o governo sair das cordas.

O tema sobre a manobra regimental para votação do impedimento de Dilma foi colocado na reunião realizada hoje em Brasília entre lideranças do PSDB. Segundo relatos, o presidente da legenda, senador Aécio Neves, não se posicionou nem contra nem a favor da iniciativa.

Dentro do ninho tucano também tem sido colocado em avaliação diária até onde o partido deverá se "abraçar" com Eduardo Cunha tendo em vista que o deputado é alvo de investigações na operação Lava Jato e poderá passar a responder como réu no Supremo Tribunal Federal (STF). O entendimento inicial é que até onde for de interesse para o partido haverá uma "parceria" como a que está prevista no caso das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensões. Cunha tem articulado para assegurar um espaço de destaque para os opositores nas duas comissões.

Segundo integrantes da cúpula do PSDB que estão em negociação com o peemedebista, entre as cadeiras que o partido deverá ocupar nas CPIs estão as duas vice-presidências. Os deputados da legenda escalados para integrar a CPI do BNDES já foram definidos. São eles: Marcus Pestana (MG), Betinho Gomes (PE) e Miguel Haddad (SP). Ainda não foram escolhidos, porém, os membros da CPI dos Fundos de Pensões.

Já a comissão prevista para tratar de crimes cibernéticos, que deverá ficar sob o comando do PSDB, deverá ser presidida por Mariana Carvalho (RO).

Acordo

Para não se expor diretamente com a condução do processo, Cunha tem costurado alternativas. Entre os cenários traçados nos bastidores está o de ele rejeitar um pedido oriundo do julgamento das contas do governo, no Tribunal de Contas da União (TCU). E em contrapartida, colocar em votação recurso apresentado pela oposição para que a palavra final seja dada pelo plenário. "Você pedir para que o presidente da Câmara que é do PMDB defira o pedido é um pouco demais. Não podemos exigir que ele defira o pedido de impeachment. Sempre trabalhamos com a hipótese de ele indeferir e nós apresentarmos um recurso para que o impeachment vá ao plenário", afirmou ao Estado, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

Hoje, Cunha negou "veementemente" que tenha discutido com seus aliados manobra para garantir a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff sem se comprometer diretamente. Para o peemedebista, a imprensa trata o assunto de forma "jocosa".
"Não há discussão de impeachment", afirmou Cunha. "Alguém pode fazer um ou outro comentário. Cada um tem o direito de opinar e fazer o que quiser. Da minha parte, eu desminto veementemente as notícias que estão publicadas nos onlines que eu tive qualquer discussão acerca disso. Essa é uma coisa muito séria para ser tratada de uma forma jocosa como está sendo colocada. Não é verdade", afirmou o presidente da Câmara..