Dantas não entra no mérito da redução em si, mas aponta que o episódio evidencia a capacidade e Cunha de avaliar agendas dos parlamentares e da sociedade e de conseguir aprovar matérias. "Ele foi capaz de depois da derrota do texto intermediário (na semana passada), entender o regimento e passar um texto mais brando. Eu até sou contrário pessoalmente à redução, mas isso não cabe a mim. A sociedade é favorável e o Cunha sobre aproveitar o momento no parlamento. É uma coisa fantástica como ele conhece o regimento e sabe interpretar, é inegável que é uma pessoa tecnicamente preparada para exercer o cargo."
Sem uma tese específica de como Cunha consegue angariar tamanho apoio, Dantas também ressalta a clara capacidade do presidente da Câmara de conquistar apoio dos parlamentares.
Se a forma que Cunha conduz a Câmara é positiva ou não para a sociedade, Dantas observa que um problema hoje é a população estar tão "apartada" da eleição que escolhe os presidentes das Casas legislativas, considerando ainda que o voto dos parlamentares nesses pleitos internos é sigiloso. "Olha o peso que essa figura tem na tomada de decisão que afeta a sociedade e poucos sabem. Esse tipo de eleição afeta absolutamente a vida das pessoas e a população acaba completamente 'apartada' dessa escolha."
Dantas avalia ainda que Cunha, com a manobra, ganha pontos com o eleitorado dado o apoio popular à matéria - 87% apoiam a redução da maioridade penal para 16 anos segundo o Datafolha. Ele, no entanto, acha difícil que ele possa se cacifar para uma disputa presidencial em 2018, tanto por seu perfil individual como por ser um quadro de um partido como o PMDB. "Já acho mais difícil ele conseguir essa projeção para ser candidato à Presidência. O nome dele precisaria ser testado em pesquisa, mas ele atropela demais, é muito truculento nessa forma de atuar. Não sei se seria capaz de organizar em torno de si um partido extremamente complexo e com tantas lideranças.".