CPI quer votar convocação de executivos da Odebrecht e Andrade Gutierrez

Membros da comissão que não foram liberados para acompanhar as festividades em seus Estados querem a realização de uma sessão extraordinária com quem estiver no Congresso

Em uma semana esvaziada por causa das festas de São João no Nordeste, deputados da CPI da Petrobras prometem fazer pressão para aprovar rapidamente a convocação dos últimos executivos presos na 14ª fase da Operação Lava-Jato.
O grupo argumenta que é preciso dar celeridade a essas oitivas para que os parlamentares não fiquem apenas como coadjuvantes das investigações da Justiça Federal no Paraná.

No mesmo dia em que os executivos das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez foram presos, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou os pedidos de convocação dos presidentes das construtoras (Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo). Valente também apresentou na sexta-feira requerimentos para ouvir Alexandrino Alencar (ex-vice-presidente da Braskem e atual presidente institucional da Odebrecht), os executivos da Odebrecht César Ramos Rocha, Rogério Araújo, Márcio Faria da Silva, além de Flávio Lúcio Magalhães, executivo da Andrade Gutierrez.

A única atividade da CPI marcada para esta semana é o depoimento na próxima quinta-feira de Pedro Aramis de Lima Arruda, ex-gerente de Segurança Empresaria da Petrobras. Como se trata de um depoimento considerado "morno", a tendência é que boa parte da comissão fique a semana inteira em suas bases eleitorais participando das festas juninas. Toda cúpula da comissão - o presidente Hugo Motta (PMDB-PB), o vice Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Felix Mendonça Júnior (PDT-BA) e Kaio Maniçoba (PHS-PE) - é da bancada nordestina e dificilmente estará nesta semana em Brasília.

O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu abonar a falta dos parlamentares nordestinos amanhã, dia 23, e quarta-feira, 24, até as 19h, quando haverá sessão deliberativa para apreciação do projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento.

Membros da CPI que não foram liberados para acompanhar as festividades em seus Estados querem a realização de uma sessão extraordinária com quem estiver no Congresso. O objetivo é votar o mais rápido possível os requerimentos de convocação dos últimos presos pela Polícia Federal e de personagens envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras que ainda não foram chamados para prestar esclarecimentos, como o executivo Júlio Camargo (da Toyo Setal), o policial acusado de entregar malas de dinheiro a políticos Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Jayme Careca, e a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ). "A qualquer momento a gente pode fazer essa sessão para votar requerimentos", afirmou Valente.

O grupo quer pedir a convocação imediata dos últimos arrolados na Lava Jato. "Não dá para a gente ficar sempre a reboque da apuração.
Temos de estar na frente das demais investigações", pregou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). "Temos de ter foco na CPI", completou Valente.

Se conseguir agendar a sessão extraordinária para aprovação de requerimentos ainda nesta semana, o parlamentar do PSOL disse que pedirá a divulgação dos 12 nomes de executivos, ex-dirigentes da Petrobras e operadores do esquema que estão sob investigação da consultoria Kroll, responsável pelo rastreamento de contas no exterior. Os investigados da empresa de espionagem estão mantidos sob sigilo. "Quem a Kroll vai investigar tem de ser aprovado pela CPI", defendeu Valente..