A peça, escrita por Ricardo Leite Lopes e dirigida por Silvia Monte, diretora do Centro Cultural do Poder Judiciário do Rio, chama-se "O desenforcamento do Tiradentes: Justiça ainda que tardia". Foi encenada por iniciativa do Tribunal de Justiça fluminense. Ironicamente, o Mártir foi "desenforcado" perto da estátua equestre do imperador D. Pedro I, neto da rainha de Portugal, D. Maria, a Louca, sob cujo reinado o herói foi executado por seus ideais.
Ao deixar o Salão do Primeiro Tribunal do Júri, no prédio histórico do antigo Palácio da Justiça, onde aconteceu o "julgamento", o ator Milton Gonçalves se disse emocionado.
"Os grandes heróis brasileiros me tocam profundamente.
Gonçalves comentou ainda a importância de a peça revisar a história, resultando a absolvição de Tiradentes. "Quem faz a justiça, num certo sentido na história, é o povo. É a massa que reconhece, em determinado momento, que aquele que estava lá era seu parceiro", completou. A acusação contra Tiradentes foi feita por Jorge Vacite, e a defesa, por Técio Lins e Silva.
Após o espetáculo, o público presente e mais dezenas de pessoas que chegaram após o início da peça seguiram num desfile ao som da bateria do Bloco das Carmelitas, um dos mais tradicionais do Rio, que toma as ruas de Santa Teresa no carnaval carioca. Gonçalves subiu no carro de som que acompanhou o desfile. O cortejo passou pelo Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio. Ali ficava a Cadeia Velha, de onde o Mártir saiu para o enforcamento. Depois, o bloco seguiu até a Praça Tiradentes, onde a execução aconteceu, dois séculos atrás..