Senadores batem-boca no plenário

Corrente virtual em defesa do impeachment de Dilma causa tensão no Senado

André Shalders Naira Trindade
Cássio Lima (PSDB): 'Brasil se depara com uma grave crise ética' - Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Brasília – Mensagens em redes sociais convocando a população para protestar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff motivaram bate-boca entre oposição e governo no plenário do Senado ontem. A celeuma começou depois de o líder do PSDB na Casa, Cássio Cunha Lima (PB), citar uma corrente que circula na internet marcando manifestações em várias cidades do país em 15 de março. “Durante todo o fim de semana, houve uma profusão de mensagens convocando para um ato público no próximo 15 de março e já defendendo o impeachment da presidente, num ambiente em que o Brasil se depara com uma grave crise ética”, disse o líder tucano.


O comentário provou forte reação dos petistas Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR), que acompanhavam a sessão. “Vocês (oposição) estão sendo maus perdedores: falar de impeachment logo depois do processo eleitoral que acabou de ocorrer no país, no qual o povo se manifestou, isso sim, a meu ver, é golpista”, disse Lindbergh. “Tem uma minoria golpista se organizando neste país, como fizeram com Getúlio Vargas e João Goulart. Estimuladas, sim, pelo PSDB, que questiona o processo eleitoral (do ano passado)”, acusou o petista.


Lindbergh Farias (PT): 'Minoria golpista está se organizando' - Foto: Waldemir Barreto/Agência SenadoGleisi endossou as palavras do correligionário. “Em 7 de fevereiro de 1999, o presidente Fernando Henrique Cardoso tinha apenas 21% de ‘ótimo’ e ‘bom’ (em pesquisas de popularidade); e mais de ‘ruim’ e ‘péssimo’ do que hoje tem a presidente Dilma Rousseff. E nós não tínhamos a tempestade que vemos agora.

Em 1999, não havia esse clima, não se estava discutindo impeachment”, comparou a senadora, referindo-se à pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana, que mostrou queda acentuada na popularidade de Dilma.
Em um aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que “a palavra impeachment não deve causar arrepio, até porque está na Constituição. Agora, hoje, o que me causa arrepio é que está na boca do povo, está se generalizando. E, quando fica na boca do povo, não adianta querer silenciar, porque aí, sim, é golpismo”, disse.

Auditoria nas urnas

Uma equipe contratada pelo PSDB apresentou ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma lista de 12,8 mil urnas eletrônicas –2,8% do total de 428,8 mil urnas usadas nas eleições de 2014 – para dar continuidade à auditoria que o partido faz nos sistemas de votação e apuração do pleito do ano passado. Segundo o PSDB, foram selecionadas urnas de todas as capitais e de cidades do interior de todos os estados. No fim do mês, técnicos de três empresas contratadas pelo partido farão nova reunião no TSE para passar a captar os dados das urnas diretamente nos TREs. O resultado da auditoria será mantido em sigilo até o fim da análise.

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