EM Dia com a Política: Uma disputa que já tem o derrotado

Se o peemedebista vencer, certamente não será tão subserviente ao Planalto, depois que até ministros foram escalados para minar a sua candidatura

Jorge Macedo - especial para o EM
Baptista Chagas de Almeida

Façam as suas apostas.

Quem vencerá hoje a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados? A base governista e o Palácio do Planalto, sem conseguir direito despistar a ansiedade e certo temor, cantam a vitória de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Só que o PMDB, que tem o vice-presidente da República, Michel Temer, desta vez decidiu lançar uma candidatura própria. E Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com um pouco mais de convicção, diz que será ele quem se sentará na cadeira hoje ocupada por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Júlio Delgado (PSB), que recebeu o reforço do pito dado na bancada de deputados pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), volta ao páreo. Pode ser o azarão, aquele que ganha competição inesperadamente contra os adversários considerados favoritos. No voto secreto, como é na Câmara dos Deputados, ao contrário da Assembleia Legislativa mineira, tudo pode acontecer.

Se difícil é escolher em quem apostar como vencedor na ferrenha disputa de hoje, muito mais simples e lógico é apontar o derrotado. O governo.
Ou a derrotada, a presidente Dilma Rousseff (PT). Não é à toa que ela anda tão preocupada com a disputa.

Se Arlindo Chinaglia ganhar, Dilma e o PT poderão cantar a vitória e a força da base, mas vão ficar diante do estigma do velho fantasma da vingança que se come em prato frio do deputado Eduardo Cunha. Se o peemedebista vencer, certamente não será tão subserviente ao Planalto, depois que até ministros foram escalados para minar a sua candidatura.

Se já há um derrotado, é preciso apontar o vencedor. A oposição vai comemorar qualquer que seja o resultado. Se Júlio Delgado for o vencedor, é o melhor dos mundos. Com Arlindo ou Eduardo Cunha, o Palácio do Planalto terá muito trabalho. No comando da Casa ou em plenário.

Água mole...
... em pedra dura, tanto bate até que fura. Demorou, mas começa a cair a ficha da presidente Dilma Rousseff (PT) em relação à permanência de Graça Foster na presidência da Petrobras. Dilma ainda titubeia, mas vários ministros próximos da presidente já não escondem mais a insatisfação. E mais, começaram a fazer pressão para que ela seja demitida o quanto antes. É, com tanta corrupção, com as ações derretendo na bolsa de valores, já vai tarde. Mas no Palácio do Planalto o mote é: antes tarde do que nunca.

O jogo do PR
O PR não perdeu tempo e já definiu o líder do partido na Câmara dos Deputados para este ano.
Será Maurício Quintella, de Alagoas. E também já tem o nome a indicar para compor a Mesa Diretora da Casa. É claro que pode haver disputa e, neste caso, o escolhido sairá no voto. Mas o candidato republicano será o deputado Milton Monti (PR-SP). O partido calcula que ficará com a terceira ou a quarta secretaria, mas pode estar escondendo uma carta na manga. Os republicanos não dizem em público, mas podem surgir com um bloco, que, dependendo do tamanho, pode até reivindicar uma vice-presidência.

Amigos fiéis
Depois de fala contundente para o partido na sexta-feira, em que chegou a argumentar que os tucanos não poderiam colocar a digital em um movimento que não se sabe onde vai terminar e pedir o voto em Júlio Delgado (PSB-MG), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), passou a impressão aos tucanos de conseguir impedir a debandada para outros candidatos. Alguns poucos devem votar em Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na avaliação feita. E pelo menos dois votos tucanos o candidato petista Arlindo Chinaglia (SP) pode ter: os de Jutahy Magalhães (BA) e Caio Nárcio (MG), por causa da amizade do pai, Nárcio Rodrigues, e do baiano com o petista.
PDT na oposição
O deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT) perde o amigo, mas não perde a piada. Ele brinca em relação ao governador Fernando Pimentel (PT), dizendo que só agora ele está chegando ao governo. “Eu é que sou governo há muito tempo”, ironiza Alencarzinho, como é chamado pelos colegas.
Mas, logo depois, Alencar da Silveira, assim mesmo, com nome e sobrenome, garante: “O PDT vai para a oposição”. Sobre a formação de blocos partidários, o pedetista condena a pressa. Acha que deveria ser depois de formada a Mesa Diretora. E garante: “Para ela, já está tudo acertado”.

Caro Carlão
Causou certo mal-estar a ausência do deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), que era candidato a líder do PSDB e nem apareceu no dia da escolha de Carlos Sampaio (PSDB-BA), que foi reconduzido ao cargo. Afinal, Pestana tinha enviado carta aos colegas pedindo votos. Pestana, no entanto, fez questão de mandar uma longa mensagem por celular para o colega de partido. Enumerou toda a sua trajetória política, lembrou que foi fundador da legenda e sua experiência parlamentar, que começou em 1982, quando se elegeu vereador. Mas, pelo menos, mostrou intimidade com o novo líder. A mensagem começa assim: “Caro Carlão”.

PINGAFOGO

Pitaco de fora não vale. Mas, desta vez, o Financial Times tem razão. Em sua edição de ontem, cobrou explicações da presidente Dilma Rousseff (PT) sobre o que ela sabia e quando soube dos malfeitos na Petrobras.

O jornal britânico ainda deu mais pitacos. Afirmou que a Operação Lava-Jato da Polícia Federal deve pedir a cabeça dos diretores da empresa e, principalmente, da presidente Graça Foster. E Dilma nada faz.

Si hay gobierno, soy a favor. Este sempre foi o lema do ex-deputado Lael Varella (DEM). Tanto que já convenceu seu afilhado político, deputado estadual Doutor Wilson (PSD), que iria ficar na oposição, a integrar o bloco do governo.

E corre a boca miúda que também o
ex-deputado Alexandre Silveira (PSD-MG) pode tomar o mesmo caminho. O detalhe é que Silveira e Lael Varella são, respectivamente, primeiro e segundo suplentes do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).

“Orai e vigiai”, diz a Bíblia. “Estamos orando e vigiando”, diz Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Alguém tem dúvida de que ele é evangélico?

O ministro do Esporte, George Hilton, está mesmo em um inferno astral. Escalado pela presidente Dilma para enquadrar os deputados do PRB para votarem em Arlindo Chinaglia (PT-SP), nada conseguiu. A bancada ratificou apoio a Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

 

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