O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS), o líder do PT na Casa, Vicentinho (SP), e o deputado Vicente Cândido (SP), um dos coordenadores campanha de Chinaglia, ficaram reunidos em Brasília por quase duas horas, a portas fechadas, com representantes de partidos que já declararam apoio - PSD, PC do B e Pros - e os líderes do PRB, César Halum (TO), e do PR, Maurício Quintella (AL). Nenhum representante do PP compareceu ao encontro.
Os três partidos cortejados ganharam ministérios neste segundo governo da presidente Dilma Rousseff. O PRB ganhou a pasta do Esporte, enquanto o PR ficou com Transportes. O PP, apesar de ter ficado com a Integração Nacional, não se conformou em perder a pasta das Cidades, entregue a Gilberto Kassab (PSD-SP).
Nos bastidores, o PP, com 36 votos, já decidiu apoiar Cunha e costura um megabloco de 19 partidos a fim de conseguir os melhores cargos da Mesa Diretora, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 29. Uma eventual mudança de lado do partido é tida como difícil até por aliados de Chinaglia.
O PR, apesar da tendência de apoiar oficialmente o peemedebista, está dividido e só deve chegar a uma posição oficial quando reunir seus 34 deputados, no sábado, 31. O PRB, que tem 21 representantes na Câmara, já havia declarado apoio a Cunha - mas tem sido pressionado pelo Palácio do Planalto a rever sua posição.
"Os partidos decidem a adesão a um bloco na reta final de um processo de formação de uma Mesa Diretora de um Parlamento", disse Fontana, que afirmou estar trabalhando na campanha como "militante" e não como líder do governo.
Sem dar maiores detalhes, líderes partidários afirmaram ter exposto na reunião quais dos 10 cargos da Mesa Diretora lhes interessam. Henrique Fontana confirmou a discussão e aproveitou para alfinetar Cunha, que é acusado nos bastidores governistas de oferecer o mesmo cargo a mais de um partido.
"Estamos trabalhando com negociação à luz do dia, tratando frente a frente. Os partidos fazem suas reivindicações para compor o nosso bloco e os outros que estão também compondo o bloco ouvem e participam dessa mesma negociação. Isso dá segurança para que os partidos não imaginem que um pode estar fazendo uma negociação separada com outro, que poderia prejudicar um terceiro", disse o líder do governo.
Resposta
Fontana também rebateu na tarde desta quinta-feira a acusação feita pela manhã por Eduardo Cunha de que o governo estaria oferecendo a liberação de emendas para atrair votos dos novatos em Chinaglia.
"Não há nenhuma procedência no que ele está falando. Estamos trabalhando e buscando a adesão e o voto dos 513 deputados em cima do argumento político", afirmou o líder do governo. "Depois que passar a eleição, ele (Cunha) vai ver que esse tipo de acusação não leva a nada", concluiu..