No ano em que o Legislativo estadual mineiro passou a permitir a apresentação de propostas de emendas ao orçamento pela internet, as sugestões populares ao texto, ainda pendente de votação na Assembleia, mais do que dobraram. Os recursos para ações e programas de governo aprovadas pelas comissões de Participação Popular e Fiscalização Financeira e Orçamentária da Casa para 2015 somam R$ 34 milhões, número 2,6 vezes maior do que o aprovado para este ano (R$ 13 milhões). A maior preocupação dos populares foi com a assistência social, enquanto a saúde foi a área menos contemplada. A pulverização do dinheiro também foi maior e demonstrou o interesse por novas áreas, como a dos direitos humanos, a cultural e a dos gays, lésbicas e transexuais, travestis e transgêneros.
A área com maior verba é a da assistência social, que, sozinha, abocanhou R$ 10,8 milhões em emendas. A maior delas, de R$ 8,1 milhões vai para custear o piso mineiro da assistência social. Segundo o presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), o ampliado valor foi aprovado para cobrir um rombo registrado na proposta orçamentária enviada pelo Executivo. “O valor aumentou porque caiu muito o orçamento em algumas áreas.
A área dos direitos humanos também teve uma participação especial. Nas sugestões dos mineiros foram contemplados R$ 5,4 milhões para ações como combate ao tráfico de pessoas, indenização para vítimas de violação de direitos, mecanismos de proteção e até para a Comissão da Verdade estadual. O registro das torturas e assassinatos cometidos no período da ditadura militar seria um dos motivadores da mobilização. Para a agricultura familiar foram destinados R$ 5,8 milhões. Já para propostas direcionadas à crianças e adolescentes foram aprovados R$ 5,5 milhões no orçamento. O grosso do recurso, R$ 4,2 milhões, foi para a implantação e reforma de unidade de atendimento socioeducativo e semiliberdade.
Para vira lei, as emendas populares ainda dependem de aprovação no plenário do Legislativo. Por causa da mudança de comando no Palácio Tiradentes, os deputados estaduais deixaram a votação para o ano que vem. Mesmo sem saber se a base do governador eleito Fernando Pimentel (PT) vai aprovar o texto, o presidente da comissão garante que os recursos serão executados.