A Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, grupos criados para investigar crimes praticados por agentes do Estado, decidiram fazer uma convocação conjunta do soldado reformado do Exército. Até o começo da noite desta terça-feira, a data do depoimento ainda não tinha sido fechada. A expectativa é de que Lima seja ouvido até o final deste mês, pois a CNV praticamente encerrou seus trabalhos e deve apresentar um relatório final no dia 10 de dezembro.
A busca pelo paradeiro do ex-agente começou há dois meses. Uma equipe da Justiça de Transição, grupo de trabalho do Ministério Público Federal, conseguiu localizá-lo em Tauá, cidade a 337 quilômetros de Fortaleza. Ele foi levado por policiais federais até a capital, onde prestou depoimento. A história da identificação e detenção de Lima foi divulgada hoje pelo jornal
O Globo
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A Casa da Morte de Petrópolis, como ficou conhecida a residência localizada no Caxambu, bairro da cidade serrana do Rio, era mantida pelo Centro de Informações do Exército (CIE), órgão que centralizava o combate às guerrilhas urbanas e rurais.
Na Polícia Federal, em Fortaleza, no último fim de semana, Antonio Waneir Pinheiro Lima admitiu ter atuado como "vigia" da Casa de Petrópolis, mas não respondeu a perguntas sobre o que se passava no interior da residência. Ele reside em Araruama, no Rio, mas teria se mudado para casa de parentes no Ceará com intuito de ficar longe de procuradores e jornalistas.
A história do ex-agente Lima e de outros torturadores da Casa de Petrópolis não chegou a ser aprofundada pela Comissão Nacional da Verdade. Entidades de direitos humanos dizem não ter expectativa em relação ao relatório que será apresentado. A comissão chegou ouvir o ex-agente Marival Dias Chaves do Canto, em maio do ano passado, e o coronel da reserva Paulo Malhães, em maio deste ano, sem avançar nas informações divulgadas pela imprensa. Em 1992, Marival relatou à revista Veja que presos políticos como David Capistrano, José Roman, Rosa Kucinski e Wilson Silva foram mortos e esquartejados no centro de tortura de Petrópolis. Ele ainda divulgou os nomes dos oficiais Paulo Malhães e Fred Perdigão que atuaram na residência..