Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo em novembro do ano passado, a intenção dos tucanos era ganhar de Dilma por uma vantagem de 3 milhões em Minas e 2 milhões em São Paulo. A estratégia chegou a ser batizada nos bastidores de política de "Café com Leite", numa referência à política oligárquica da República Velha (1889/1930), quando os dois Estados se dividiam, em comum acordo, na gestão do país. Por essa razão, os tucanos escolheram como vice o paulista Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB no Senado.
Em julho deste ano, o coordenador-geral da campanha de Aécio, senador Agripino Maia (DEM-RN), disse ao Broadcast Político esperar uma maioria de votos a favor de Aécio "muito grande" em Minas e "grande" em São Paulo. Para ele, o tamanho da vantagem nos dois colégios eleitorais iria depender de como Dilma estivesse na proximidade da eleição.
Aécio Neves, contudo, não conseguiu eleger o seu candidato na sucessão de Minas, Pimenta da Veiga, que perdeu a corrida no primeiro turno para o ex-ministro de Dilma, Fernando Pimentel. Também ficou atrás de Dilma nos dois turnos no Estado. Desde a eleição de Lula em 2002, os candidatos petistas sempre venceram nos Estados, com o apoio do próprio Aécio por meio das parcerias informais "Lulécio" e "Dilmasia".
Em contraponto, o tucano teve uma expressiva votação em São Paulo, a maior que o PSDB teve desde 1994. Com o peso de todo o partido no Estado, Aécio conquistou 15,2 milhões de votos contra 8,4 milhões de Dilma - uma diferença de 6,7 milhões pró-tucano. A melhor vantagem do PSDB em São Paulo, em números absolutos, foi na reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998, com pouco mais de 5 milhões de votos.
Nordeste
Os tucanos também não conseguiram melhorar o desempenho no Nordeste. O partido tentou costurar palanques competitivos na região, mas, mesmo assim, Dilma conquistou uma vantagem no Nordeste sobre Aécio que é praticamente o dobro da votação que o tucano registrou em Minas Gerais e em São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do País. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma venceu no Nordeste com 12,2 milhões de votos a mais do que o tucano.
Na região, Dilma chegou a ter 2,9 milhões de votos de frente na Bahia, 2,4 milhões no Ceará e 1,9 milhão em Pernambuco - mesmo, nesse último caso, com o apoio da família de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto, e da sucessora dele na campanha presidencial, Marina Silva (PSB), ao tucano Aécio Neves. Em números proporcionais, o Maranhão e o Piauí deram à petista as maiores vantagens, respectivamente, de 78,76% e 78,30%.
A intenção inicial dos tucanos seria de usar a boa votação em Minas e São Paulo, com palanques mais estruturados no Nordeste, para reduzir a diferença ou até anular a vantagem de Dilma. Contudo, a presidente teve quase 6 milhões de votos a mais que o tucano se considerar, apena.