Jornal Estado de Minas

Aécio e Marina estreitam união em 1º enconto após anúncio de aliança

Eles celebram aliança "a favor do Brasil" na 1ª reunião desde que ela anunciou apoio ao tucano

Felipe Seffrin Paulo de Tarso Lyra
Com penteado novo, Marina se encontrou com Aécio em São Paulo: após conversa a portas fechadas, discursos em torno do projeto de mudança - Foto: Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil

São Paulo e Brasília
– Onze dias após o início do segundo turno das eleições presidenciais, o tucano Aécio Neves (34,8 milhões de votos) e a socialista Marina Silva (22,1 milhões de votos) finalmente se encontraram pessoalmente para selar a aliança de oposição à candidatura da petista Dilma Rousseff (43,1 milhões de votos). Aécio e Marina, que celebraram uma aliança “a favor do Brasil”, conversaram a sós por cerca de uma hora e afinaram os discursos em torno de um projeto comum de mudança.


Depois disso, apareceram lado a lado e reafirmaram o casamento político, tendo como base compromissos como a democracia, as políticas sociais e o desenvolvimento sustentável. De acordo com Aécio, ainda não foram discutidas eventuais participações da líder da Rede em palanques ou outros atos públicos.


“Digo sem receio que este é o momento mais importante desta caminhada”, celebrou Aécio. “Somamos forças em torno de um movimento em favor do país. Deixo de ser o candidato de uma coligação para ser o representante de um grande movimento de transformação que precisa acontecer no Brasil”, sustentou o tucano.
Marina também se mostrou à vontade na aliança. “Acompanho com alegria a sua manifestação”, respondeu a socialista, mostrando sintonia com o novo aliado. “A partir de agora, você (Aécio) trabalha por um movimento de mudança qualificada, que preserva as conquistas, encara desafios, não é complacente com os erros e compreende que a mudança só pode ser feita por todos nós”, enalteceu.


A candidata do PSB só aceitou aparecer publicamente ao lado de Aécio após o tucano assumir compromissos que constavam no plano de governo do PSB. “Três eixos fundamentais devem ser ressaltados: a defesa intransigente da democracia, o avanço e a institucionalização das políticas sociais, em especial os programas de transferência de renda, e o desenvolvimento sustentável”, explicou Aécio.


O presidenciável do PSDB garantiu que trabalhará por uma economia de baixo carbono e para transformação de programas como o Bolsa-Família em lei.

“A institucionalização das políticas públicas é um avanço, elas não podem ser fulanizadas por um partido ou um governo”, defendeu Marina.


De acordo com Aécio, os dois candidatos não debateram possíveis participações da socialista em palanques e comícios. O tucano disse ainda que seria um “desrespeito” conversar sobre participações dela num eventual governo. “A situação, como a Marina vem participando, é a mais adequada possível. Estou extremamente agradecido com sua generosidade”, disse Aécio, que classificou a ex-senadora de “minha amiga e grande brasileira”, e ainda elogiou o novo visual de Marina, com um raro penteado com rabo de cavalo. “Falou-se na construção de um novo projeto para o Brasil. Caberá a ela definir como irá participar.”


Marina explicou seu posicionamento. “Estou aqui como parte de um movimento que entende que pode melhorar o Brasil para todos nós. Um movimento com compromissos com a questão da reforma agrária, da sustentabilidade, da demarcação das terras indígenas”, elencou Marina. “E que, ao mesmo tempo, tem compromisso com o desenvolvimento econômico-social, em um país que tem lugar para o agronegócio, para a indústria, para o turismo e para a ética na política”, completou, aproveitando para alfinetar a campanha agressiva de Dilma Rousseff, que vitimou a ex-senadora no primeiro turno e agora volta a mira para Aécio Neves. “Não vale tudo para ganhar as eleições”, criticou.

Salvador Mais tarde, em Salvador, Aécio defendeu a investigação das denúncias de que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em março deste ano, pediu R$ 10 milhões ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para ajudar a esvaziar a CPI da estatal em 2009. “É o mesmo tratamento para todos. Temos de permitir que as investigações avancem e sejam feitas. Se alguém tiver responsabilidade, independentemente do partido ao qual esteja filiado, deve responder pelos seus atos”, disse Aécio.

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