Jornal Estado de Minas

Veja os principais destaques do debate entre Aécio Neves e Dilma Rousseff

Candidatos à Presidência da República se enfrentaram em primeiro debate na TV do 2º turno. O encontro foi promovido pela TV Bandeirantes

Isabella Souto Flávia Ayer
- Foto: AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA

1º bloco - Saúde e paternidade de programas sociais

Ao se apresentar, Dilma Rousseff destacou os avanços conquistados ao longo dos 12 anos de governo do PT. “Fizemos o mais profundo processo de distribuição de renda e inclusão social. Tiramos 36 milhões da pobreza, da miséria. Elevamos 42 milhões para classe média”, ressaltou. Segundo ela, se eleita, vai focar a administração em educação, saúde e segurança pública. “Daremos igualdade de oportunidade a todos os brasileiros, em todo o serviço público, e combateremos sem trégua a corrupção”, disse.

O candidato tucano Aécio Neves (PSDB) apontou avanços no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e também no governo Lula. “A grande verdade é que, nos últimos quatro anos, o Brasil parou de melhorar”, disse.
Segundo ele, quem se eleger, terá como “herança” uma piora de indicadores sociais e ainda se assumiu como o candidato da mudança. “Não venho representar um partido ou coligação, mas um sentimento de mudança”, reforçou, enfatizando que vai “tirar o Brasil da lanterna do crescimento”.

Investimentos na saúde foram o primeiro ponto do debate entre os presidenciáveis Aécio Neves e Dilma Rousseff. Questionado pela petista sobre o fato de o governo mineiro ter sido acusado pelo Tribunal de Contas do Estado por ter deixado de aplicar R$ 7,6 bilhões para o setor de saúde durante sua gestão, o tucano afirmou que Dilma está “desinformada” e lembrou que o Ministério da Saúde considerou Minas Gerais o estado do Sudeste com melhor atendimento médico.

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Aécio reclamou ainda que o governo Dilma reduziu a aplicação de recursos no setor de 56% para 45% do bolo total. “Temos hoje dois candidatos da oposição, não um de continuidade. Lamento que não tenha feito em seu mandato o que propõe agora”, afirmou o tucano.

Já Dilma, disse que as propostas sociais apresentadas pela campanha do PSDB são apenas uma cópia dos projetos petistas e alertou a todos para consultarem no site do TCE mineiro o termo de ajustamento de conduta assinado entre o governo e o órgão para que Minas atingisse o percentual mínimo exigido pela Constituição para a saúde.

Primeiro bloco esquenta. Aécio Neves acusa Dilma de dizer “inverdades” sobre os adversários e pergunta se a presidente não se arrepende de uma campanha com “ataques cruéis”. Segundo Dilma, quem faz ataques cruéis é o tucano, ao assumir a paternidade do Bolsa-Família. “O programa que fizeram, o Bolsa-Escola, atingiu 5 milhões de pessoas. Não tem escala.
O Bolsa-Família atinge R$50 milhões”.

A petista também acusa o adversário de ameaçar os bancos públicos. “Não sabemos o que vai sobrar”, disse, reforçando que os bancos são os principais responsáveis hoje pelo financiamento de programas sociais, a exemplo do Minha casa, minha vida. Aécio reage e afirma que a presidente “falta com a verdade” e que o maior programa de transferência de renda foi o Plano Real, segundo ele, combatido pelo PT com toda a força.

2º bloco - Inflação e corrupção

Aécio Neves questionou Dilma se não seria a hora de o governo do PT reconhecer “equívocos e falhas” no controle da inflação. A petista argumentou que o adversário tem “memória curta” e que seu governo garantiu uma inflação controlada e dentro dos limites da meta. No entanto, um choque relacionado aos alimentos e energia resultou em uma pressão sobre a inflação.

“Como o clima é passageiro, o índice volta”, disse Dilma.

Aécio, por sua vez, argumentou que ela deveria ter humildade para admitir que sua equipe fracassou na política econômica e lembrou que quando Fernando Henrique Cardoso chegou ao Palácio do Planalto, encontrou uma inflação de 916% e reduziu para 7%. “Vamos olhar para o futuro. A inflação não está sob controle. A senhora compra hoje no supermercado a mesma coisa que comprava há seis meses?”, disse o tucano.


Aécio Neves ironiza o ex-futuro Ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, Guido Mantega. “Estou impressionado com sua obsessão pelo Armínio Fraga, talvez pelos elogios que ele recebeu de Antônio Palocci ou pelo fato de Lula ter pedido para ele ter ficado mais tempo”, disse. Segundo ele, o governo tucano, se eleito, já tem ministro da Fazenda, ao contrário de Dilma, que tem ministro que já não tem credibilidade.

Dilma Rousseff reforça o alcance do programa Pronatec, que ofereceu cursos técnicos a 8 milhões de brasileiros. “Eu construí 208 escolas técnicas, simplesmente 1.600% a mais do que o governo FHC”, disse. Segundo Aécio, os programas foram inspirados no governo dele e de Alckimin. Dilma afirma que os programas aos quais o tucano se refere eram embrionários.

As denúncias de corrupção esquentaram o clima do debate. Aécio Neves afirmou que Dilma só mostrou indignação sobre o vazamento do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e não sobre o conteúdo. Segundo Costa, o PT, PMDB e PP dividiam propina de 3% do valor de contratos firmados com 13 empresas. Dilma rebateu, dizendo que sempre defendeu a apuração de todas as denúncias de irregularidades e que no governo petista foram aprovadas as leis da delação premiada e outra que garante a independência dos delegados para investigarem. A petista disse também que vários escândalos como a compra de votos para a aprovação da emenda que previa a reeleição e o mensalão tucano não foi investigado e ninguém foi preso. Aécio foi enfático: “não queira nos igualar candidata”.


Dilma questionou a obra do aeroporto de Cláudio, no Centro-Oeste de Minas Gerais, construído em terreno do tio-avó de Aécio Neves. O tucano se defendeu, argumentado que o Ministério Público Federal atestou a regularidade da obra que beneficiou 150 indústrias.


3º bloco - Política de proteção à mulher, programas sociais e violência

A violência contra mulher abriu o terceiro bloco do debate. Dilma questionou o adversário sobre a proteção dos direitos da mulher e a Lei Maria da Penha, e ouviu dele que irá investir em delegacias próprias e críticas ao contingenciamento de recursos da União para a segurança pública nos estados e municípios. “Não há planejamento e a ausência de transferência de recursos vem fazendo com que os estados não avancem”, afirmou o tucano.

Dilma disse que o governo implementou uma política de proteção à mulher vítima da violência e que as mulheres têm prioridade em programas como o Bolsa Família, Minha casa minha vida e Pronatec.

Aécio Neves toca no tema políticas sociais para poder desmistificar que não acabará com programas sociais, mas aprimorá-los, e nem acabará com bancos públicos, e sim saneá-los. Ele também aproveitou para questionar sobre o carimbo secreto do empréstimo para a construção do Porto em Cuba. Segundo Dilma, é uma “leviandade” tratar Cuba dessa forma. “Exportamos serviços de engenharia, gerando emprego”, afirmou.

Segundo Aécio, um DNA do Bolsa-Família mostraria que o pai do programa é FHC e a mãe Ruth Cardoso. “Agora chegamos à fabulação”, contra-atacou Dilma.

Números da violência geraram atrito entre os candidatos. Enquanto Dilma questionou o crescimento de 52% na taxa de homicídios nos últimos 10 anos em Minas Gerais, Aécio argumentou que somente no ano passado foram cometidos 56 mil assassinatos de jovens no Brasil, sem que o governo federal fizesse nada. Caso eleito, o tucano prometeu assumir o comando de uma política nacional de segurança pública, fortalecer as Forças Armadas, a Polícia Federal e fechar as fronteiras para o tráfico de drogas.

Dilma anunciou a constituição de um modelo integrado de segurança em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Foi questionada em seguida: “Por que não fez isso nos quatro anos de governo?”, ironizou o tucano.

Aécio questiona o governo do PT sobre o ensino médio. Dilma rebate que a responsabilidade é dos estados, mas aproveita para reforçar o programa de ensino técnico, Pronatec, além dos feitos no ensino superior (aumentar duas vezes o número de universitários), além da entrega de 2 mil creches em parceria com prefeituras e construção de mais 4 mil. “Também demos extrema atenção à produção científica, com o Ciências Sem Fronteiras”, disse. Segundo o tucano, Aécio pretende cumprir a construção das 6 mil creches que “ficaram no caminho”.

4º bloco - Servidor público

No início do quarto bloco, o assunto foi servidor público. Aécio perguntou sobre a falta de políticas de valorização do funcionalismo e ouviu da petista que a Lei 100, aprovada em Minas Gerais, foi alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade que questionou a efetivação, sem concurso público, de 98 mil servidores, a grande maioria da educação. O Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a legislação e determinou a demissão de todos os que ainda não tenham completado o tempo para a aposentadoria e a substituição deles por concursados.

Aécio lembrou que os deputados do PT ajudaram a aprovar a lei na Assembleia Legislativa e que o objetivo era proteger serventes de escola e professores que prestavam serviço no estado há vários anos.

No encerramento do quarto bloco, Dilma pergunta a Aécio o que fará para criar empregos, destacando que, quando o mundo desempregou 60 milhões, o governo do PT criou 12 milhões de postos de trabalho”, disse. Aécio acusa a petista de se valer do “discurso do medo” e emenda: “O medo é do governo do PT governar pelos próximos quatro anos. O país que não cresce, não gera empregos”, disse, enfatizando que os mais penalizados serão os mais pobres.

5º bloco - Considerações finais

Aécio foi o primeiro a fazer as considerações finais. O tucano agradeceu os votos do primeiro turno e destacou o apoio que recebeu de duas mulheres: Marina Silva (PSB) e da viúva de Eduardo Campos, Renata Campos. Sobre Marina, Aécio disse que saberá como honrar os compromissos com a candidata derrotada nos quatro que for presidente, se eleito. Além disso, Aécio prometeu fazer um governo “de convergências”, que permita viver melhor.

Dilma, por sua vez, destacou que tem mais apoio político para fazer reformas e firmeza para garantir a projeção do país no cenário internacional. A petista destacou que sua prioridade será a educação. “Acredito que o fundamento é a educação. Da creche a pós-graduação”, afirmou. Além disso, também pediu o voto dos espectadores.

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