Jornal Estado de Minas

Ex-diretoras do Sest e Senat são suspeitas de desviar R$ 20 milhões

O ex-senador Clesio Andrade (PMDB-MG) também está sendo investigado nesta operação. Ele foi procurado pela polícia, mas não foi encontrado

Kelly Almeida
De acordo com as apurações, suspeitas tinham apoio de outras pessoas ligadas ao sistema: R$ 20 milhões desviados dos órgãos - Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press

Uma megaoperação da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desarticula, na manhã desta sexta-feira (19/9), um grande esquema de desvios de recursos do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). Sete mulheres que eram diretoras do sistema no período investigado são as principais suspeitas de desviar, entre 2011 e 2012, R$ 20 milhões. De acordo com as apurações, elas tinham apoio de outras pessoas ligadas ao sistema. São 21 mandados de busca e apreensão, cinco prisões temporárias e 24 conduções coercitivas de suspeitos sendo cumpridos em vários endereços nobres do DF, na sede do Sest/Senat, e em Minas Gerais. Pelo menos quatro prisões já foram efetuadas, incluindo a da principal investigada Maria Tereza da Costa Pantoja. Carros de luxo foram apreendidos.

O ex-senador Clesio Andrade (PMDB-MG) e ex-presidente do Sest e Senat está sendo investigado na operação. Nesta manhã, a Polícia Civil do DF esteve na casa dele, em Minas Gerais, para levá-lo a prestar depoimento. A Justiça determinou a condução coercitiva de Andrade, mas ele não estava em casa.
O ex-senador precisa se apresentar à policia ainda hoje.

A ação, intitulada São Cristóvão, é resultado de investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)- e da Controladoria-Geral da União (CGU). Maria Tereza da Costa Pantoja foi presa em casa, no Setor de Mansões Dom Bosco. As investigações indicam que em 2012 ela transferiu cerca de R$ 1 milhão das contas do Sest para uma previdência privada no nome dela e movimentou R$ 4,5 milhões de contas bancárias pessoais. Até o ano passado, Maria Pantoja era diretora-executiva do Sest e do Senat. Atualmente, é diretora do Instituto de Transporte e Logística da Confederação Nacional do Transporte (ITL/CNT). apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA).

As apurações indicam que, só de movimentação imobiliária, Maria participou nos últimos anos da compra de imóveis avaliados em mais de R$ 15 milhões. Os filhos dela, um jovem de 19 anos e uma adolescente de 13, também aparecem como compradores de residências que, juntas, chegam a quase R$ 5,5 milhões.

Além de Maria Pantoja, a polícia identificou outras seis mulheres, que também exerciam algum cargo de diretoria no sistema, faziam parte do esquema de desvio de recursos. São elas: Ana Cláudia de Macedo Santoro, AnaMary Socha, Andressa Fontenelle Passos, Jardel Martins Soares, Ilmara Amaral Chaves e Aline Ávila Guimarães. O grupo ainda recebia ajuda de pessoas que ganhavam altas quantias para serem trabalhadoras autônomas no Sest/Senat. Tempos depois, essas mesmas pessoas participavam de compras e vendas de carros ou imóveis com as principais suspeitas.

As investigações indicam que os suspeitos mantêm uma vida luxuosa, moram em mansões e têm carros importados.
Além das prisões temporárias, das conduções coercitivas e das buscas e apreensões, a polícia solicitou a indisponibilidade dos bens dos investigados. Duzentos policiais, além de representantes da Gaeco, da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal participam da ação, que tem apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA). .