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Estado de Minas

Relembre temas que marcaram as últimas corridas à Presidência


postado em 14/09/2014 06:00 / atualizado em 14/09/2014 10:31

Na primeira eleição direta para presidente após a ditadura, Collor apresentou-se como
Na primeira eleição direta para presidente após a ditadura, Collor apresentou-se como "caçador de marajás" para chegar ao Planalto (foto: Carlos Silva/CB. D.A Press )

Desde a primeira eleição direta para presidente da República após o fim da ditadura militar, assuntos relacionados à gerência do Estado, leia-se nação, mas também temas de ordem moral têm se revezado nos palanques eleitorais. Na disputa pelo Palácio do Planalto, candidatos surfam ao sabor das expectativas da população, às vezes tendo ainda que fazer malabarismos para adequar sua imagem a elas e garantir a vitória. Corrupção, inflação, privatizações, aborto e a causa gay dominaram os debates nos últimos anos.


Na primeira campanha, em 1989, Fernando Collor de Mello (PRN), que tinha como principal adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pautou o debate presidencial. Ao apresentar-se como “caçador de marajás”, ele prometia no programa eleitoral banir do serviço público “os boas-vidas e os corruptos”. Por meio de panfletos apócrifos – na época as chamadas redes sociais na internet ainda estavam por vir –, aliados de Collor espalharam o boato de que Lula confiscaria os recursos da poupança – medida que ele próprio acabou implantando depois de eleito.

Além disso, os partidários de Collor “tocavam o terror”, em especial na classe média, de que em um eventual governo Lula muitos brasileiros teriam que dividir a casa onde moravam com famílias sem teto. Mas o que talvez tenha sido “o tiro mortal”, segundo cientistas políticos, foi remexer no passado do adversário. Collor trouxe ao conhecimento público um fato da vida privada de seu concorrente. O petista foi acusado de não assumir a paternidade de uma filha, Lurian, fruto de um romance fora do casamento. Lula apareceu com a filha no último programa antes de a população ir às urnas, mas o moralismo vigente fez o estrago pretendido. Tudo isso, somado a um discurso populista e associado ao “salvador da pátria”, fez de Collor o mais jovem presidente da República, eleito aos 40 anos em segundo turno, com pouco mais de 53% dos votos válidos.

A estabilidade econômica brasileira, devido ao Plano Real, norteou a campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998 (foto: Arquivo/Obrito)
A estabilidade econômica brasileira, devido ao Plano Real, norteou a campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998 (foto: Arquivo/Obrito)
Além da juventude, Collor foi também pioneiro em outro item. Tornou-se o primeiro presidente do Brasil a sofrer um processo de impeachment. Depois de ele ter sido apeado do cargo pelo Congresso Nacional em meio a denúncias de corrupção, o vice Itamar Franco assumiu a Presidência no fim de 1992. Entre os legados de seu antecessor, Itamar herdou a hiperinflação. Menos de dois anos depois, após sucessivas trocas de ministros da Fazenda, ele nomeia Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para ocupar o ministério.

Naquele momento começa a se desenhar o futuro do sucessor de Itamar, responsável por elaborar uma proposta para colocar freio na inflação, batizada de Plano Real e ancorada na criação de uma nova moeda. Em 1994, FHC propôs o debate da estabilidade econômica, que ganhou peso na eleição daquele ano. Lula, o seu principal adversário, que começou a campanha com intenção de votos na casa de 40%, contra 12% de FHC, perdeu a disputa ainda no primeiro turno. Em 1998, a estabilidade da moeda – o real chegou a ter paridade com o dólar –, derrotou novamente Lula nas urnas, garantindo a reeleição de Fernando Henrique, que explorou à exaustão o tema.

Em 2002, a estratégia eleitoral de Lula de repaginar o discurso – embalado no “Lulinha, paz e amor” – consolidou-se na “carta aos brasileiros”, em que o petista prometia à população que a condução do país ocorreria dentro do Estado de direito. O principal lastro do discurso era o vice de Lula, o empresário José Alencar, à época do Partido Liberal. O petista deu o tom da campanha, centrada em discurso para acalmar o empresariado e investidores e venceu, no segundo turno, José Serra (PSDB), que havia sido ministro da Saúde de FHC.

Luiz Inácio Lula da Silva em visita a Minas na campanha presidencial de 2002, disputa na qual emplacou o slogan
Luiz Inácio Lula da Silva em visita a Minas na campanha presidencial de 2002, disputa na qual emplacou o slogan "Lulinha paz e amor" (foto: Marcelo Sant' anna)
Na reeleição de Lula, em 2006, na onda do mensalão petista, o hoje governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi o candidato do PSDB para rivalizar com o petista nas urnas. Corrupção e privatizações foram os temas recorrentes entre eles. Enquanto o tucano batia na tecla do mensalão – o escândalo do pagamento de propinas a parlamentares pelo governo Lula havia estourado no ano anterior –, o petista revidava que as privatizações de estatais (da telefonia, Vale do Rio Doce e bancos) tinham sido feitas sob a suspeita de malversação do dinheiro público. Lula acabou vencendo no segundo turno das eleições.

Em 2010, a então ministra da Casa Civil de Lula, Dilma Rousseff, tornou-se a candidata do PT para enfrentar o agora também ex-prefeito e ex-governador de São Paulo José Serra. Privatização e a corrupção dominam de novo o debate daquele ano. A legalização do aborto e discussões em torno da orientação sexual de candidatos também foram pautados pelos candidatos. Dilma precisou, em uma entrevista, pedir respeito aos repórteres. "Sou mãe e avó", disse.

Corrupção em foco

Agora, em 2014, nesta reta final da corrida presidencial, depois de um debate morno até o trágico acidente de avião que matou Eduardo Campos (PSB), em 13 de agosto, a corrupção volta aos discursos dos presidenciáveis. O noticiário político vem destacando irregularidades na Petrobras – após vazamento para a imprensa da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que teria denunciado políticos por receber propinas em contratos da estatal. Os nomes dos supostos envolvidos ainda não foram revelados pelo Ministério Público Federal.

A autonomia do Banco Central é outro tema que tem esquentado o embate entre Marina Silva (PSB) e Dilma. De quebra, tradições religiosas entram na discussão deste ano, dando a Marina, que é evangélica, a pecha de homofóbica. O rótulo surgiu após ela voltar atrás – ao retirar do programa de governo – na defesa da união civil entre pessoas do mesmo sexo e a criminalização da homofobia.


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