Jornal Estado de Minas

Dilma contra-ataca Marina com ironia

Candidata à reeleição, presidente provoca Marina: "Não tenho banqueiro me sustentando"

Dilma deixa a sede do Sindicato dos Engenheiros após participar de debate sobre a banda larga em dia de campanha na capital paulista - Foto: Paulo Whitaker/Reuters

São Paulo –
Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff fez uma dura provocação ontem à sua adversária Marina Silva (PSB), ao afirmar que não é apoiada nem sustentada por banqueiros. A fala de Dilma foi uma resposta a Marina, que, em Belo Horizonte, acusou a petista de promover em seu governo a “bolsa-banqueiro”. A troca de farpas ocorreu depois de a campanha de Dilma na televisão afirmar que a socialista dará mais poder aos bancos, caso seja eleita, uma vez que seu programa de governo propõe a autonomia do Banco Central, o que, segundo o PT, pressupõe que a instituição assuma “um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo”.

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“Não adianta querer falar que eu fiz bolsa banqueiro. Eu não tenho banqueiro me apoiando. Eu não tenho banqueiro, você entende, me sustentando”, afirmou Dilma, numa referência indireta a uma das coordenadoras do programa de Marina, Maria Alice Setubal, uma das principais interlocutoras da presidenciável. Herdeira do banco Itaú, Neca, como é conhecida, doou cerca de R$ 1 milhão em 2013 ao instituto que Marina fundou para desenvolver projetos de sustentabilidade.

Dilma não respondeu se há interferência de seu governo no Banco Central e defendeu o texto de sua propaganda contra Marina. “O Banco Central, como qualquer outra instituição não é eleito por tecnocrata nem por banqueiros. A diretoria do Banco Central é indicada por quem tem voto direto.
E o que o Congresso faz com o Banco Central? Chama e manda prestar contas”, afirmou. E completou: “Eu não digo isso porque sonhei com isso, está escrito no programa, autonomia do Banco Central. E todo mundo sabe o que é autonomia do Banco Central”, afirmou. Ela ressaltou que, com a prerrogativa, a instituição poderá “definir autonomamente a taxa de juros, as condições de política de crédito, sem prestar constas ao Executivo e nem sequer ao Legislativo”.

A presidente se negou a comentar a revisão da perspectiva do rating brasileiro feita ontem pela agência de classificação de risco Moody’s, de estável para negativa. Questionada ao menos três vezes sobre o assunto, Dilma disse que continuaria a responder sobre outros temas e preferiu falar de medidas para a banda larga. A petista se recusou também a responder a questionamentos sobre a Petrobras.

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Antes, durante a coletiva, ela voltou a falar sobre troca de ministros em um eventual futuro governo, mas não quis antecipar que perfil teria um novo titular da Fazenda, em substituição a Guido Mantega. “Eu acho que todo governo novo terá uma equipe nova, um perfil novo. Eu não posso fazer uma comparação entre pessoas e perfis de pessoas, é algo extremamente desagradável”, esquivou-se, durante coletiva em São Paulo.

Dilma esteve na capital paulista para participar de um debate sobre banda larga, na sede do Sindicato dos Engenheiros, no Centro. Antes, a presidente vistoriou um centro de reabilitação para deficientes em M’Boi Mirim, na Zona Sul da cidade. A petista fez também gravações de cena para o programa de TV que vai falar sobre portadores de necessidades especiais no horário eleitoral.

A presidente estava acompanhada pela equipe do marqueteiro João Santana e do ministro da Saúde, Arthur Chioro, e ficou no centro de reabilitação por cerca de 40 minutos. Administrado pela Organização Social Centro de Estudos e Pesquisas Dr.
João Amorim (Cejam), a instituição foi referenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro do ano passado para atender pessoas com deficiência. Dilma foi recebida por militantes pagos pelas campanhas de candidatos a deputado do PT tanto na entrada quanto na saída. A presidente baixou o vidro do carro e acenou para as pessoas..