"O que estamos analisando agora é como transformar esses casos em denúncia", disse ela. "A experiência da Argentina, onde ocorreu um processo semelhante ao do Brasil, diz que é possível. Também existe uma longa jurisprudência internacional apontando na mesma direção."
Rosa Maria participou no final de semana de um seminário em São Paulo que contou com a participação de Victoria Basualdo, professora de história econômica da Universidade Ciências Sociais e Empresariais de Buenos Aires e estudiosa de ações movidas contra as empresas após o fim da ditadura em seu país. "Ela nos detalhou vários casos em que os trabalhadores tiveram sucesso", contou a advogada.
Desde sua indicação para a comissão, em maio de 2012, Rosa Maria tem enfatizado em suas declarações a existência de uma estreita relação grupos civis, políticos e empresariais, e os militares, na ditatorial. "Embora a comissão tenha se dedicado até aqui mais à análise da responsabilidade militar, ouvindo agentes de Estado envolvidos em violações de direitos humanos, como a tortura e o desaparecimento de presos políticos, não tenho dúvida de que foi uma responsabilidade conjunta, entre civis e militares. É isso que estamos estudando de forma mais detalhada agora."
Para Sebastião Neto, da secretaria executiva do grupo de trabalho, pesquisas nos arquivos do extinto Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo têm fornecido provas de que empresas monitoravam os trabalhadores que participavam de greves. "Elas repassavam informações para os órgãos de repressão e ajudavam a compor uma lista negra de pessoas que não deviam ser contratadas.